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Governo do Amapá lança campanha sobre dignidade menstrual

O objetivo é promover atenção à saúde das mulheres que menstruam e combater a desinformação.

Por Redação
22/07/2021 15h19

O projeto conta com uma comissão formada por jovens monitores e bolsista do Programa Amapá Jovem

Nesta quinta-feira,22, o Governo do Estado lançou a campanha Dignidade Menstrual, que tem como objetivo levar informação e recursos básicos de higiene e de saúde intima para o público em vulnerabilidade.

O projeto, que é coordenado pela Secretaria Extraordinária de Políticas Para a Juventude (Sejuv), nasceu de um requerimento da deputada estuadual Marília Góes, que vem há muitos anos acompanhando a questão. No início deste mês foi realizada uma live com a participação de mais de 1,5 mil jovens que falaram sobre o tema.

A iniciativa traz à tona um assunto ainda mais amplo, grave e que precisa ser combatido, que é a pobreza menstrual. O objetivo é promover atenção à saúde das mulheres que menstruam e combater a desinformação.

“Afeta a saúde mental e emocional. A falta de absorventes causa literalmente desconforto, insegurança e estresse, afinal, para a pessoa em condições precárias ou inexistentes para cuidar do seu ciclo, menstruar acaba se tornando um fardo. Essa é uma questão de saúde pública e precisa imediatamente ser tratada”, afirmou Juliane Pimentel, bolsista do Amapá Jovem e integrante da comissão que formatou o projeto.

O projeto conta com uma comissão formada por jovens monitores e bolsista do Programa Amapá Jovem e o apoio de uma equipe técnica de psicólogos, biomédicos e assistentes sociais.

A campanha terá três momentos. A primeira foi o lançamento, que é seguido do período de capacitação dos monitores do Amapá Jovem para que sejam habilitados para abordar a temática no ambiente dos polos do programa. Após isso, serão feitas rodas de conversas com distribuição de cartilhas educativas nos 22 polos de Macapá, inicialmente, no período de 15 dias. Serão 4 mil jovens atendidos nesta discussão com suporte de psicólogos, assistentes sociais e biomédicos.

“O papel dos jovens que estão a frente desta campanha é ser multiplicadores conduzindo o debate de forma respeitosa para que os demais tenham a percepção da importância, enfatizando que o acolhimento e sensibilidade do sexo masculino ao tema é fundamental”, destacou Pedro Filé, secretário Extraordinário de Políticas para a Juventude.

A terceira etapa da campanha é de arrecadação dos absorventes íntimos com meta inicial de 8 mil pacotes, somente em Macapá. Para o êxito, cada polo terá estratégias podendo ser pedágio, rifas e torneios. Os produtos serão doados para as pessoas em vulnerabilidade social.

Dados

Durante o lançamento da campanha, o titular da Sejuv trouxe dados importantes, resultantes de censos feitos pela Secretaria de Juventude. Um deles foi realizado no ínicio do ano, quando o programa ainda contava com 6 mil bolsistas - metade do número atual. Naquele momento, 63% dos bolsistas eram do público feminino e ,dessas, 43% possuíam renda per capita familiar de até um salário mínimo apenas.

“Imagina a dificuldade deste grupo em vulnerabilidade que muitas vezes tem que escolher entre a comida na mesa ou a garantia do absorvente”, avaliou o secretário.

A bolsista Gabrielle Maciel, relatou sua primeira experiencia com a menstruação. Natural do município paraense de Afuá, reside atualmente em Macapá, ela conta que o ambiente em que cresceu sempre foi em um cenário onde faltavam recursos para comprar absorventes por parte de suas amigas, que muitas vezes tinham que recorrer a trapos velhos e outros recursos não recomendáveis, pela falta de um absorvente higiênico. Já Gabrielle, tinha recursos, mas lhe faltava informação e apoio.

“Aos 11 anos e com os pais separados me senti muito desamparada, sem uma mãe para me orientar. A minha sorte é que a primeira menstruação veio quando estava na casa da minha irmã mais velha que me deu todo o suporte e orientação em um momento em que fiquei em prantos sem saber o que estava acontecendo com meu corpo. E as meninas que não tem esse apoio? Por isso eu afirmo que a importância dessa campanha é inimaginável”, afirmou a jovem de 21 anos.

A deputada Marília Góes, é autora de proposituras para combater a pobreza menstrual, como os requerimentos direcionados também à secretaria de Estado da Educação (Seed), para que inclua o absorvente higiênico como item da cesta básica do Programa Kit Merenda em Casa, para a secretaria de Estado da Inclusão e Mobilização Social (Sims) incluir o absorvente higiênico como item da cesta básica do Programa Comida em Casa.

“Temos um problema real e mundial, mas apenas a Bélgica e, no nosso país, o Rio de Janeiro, têm essa iniciativa. Por isso queremos tornar isso em uma política pública de estado aqui no Amapá. E o melhor, com jovens falando para jovens”, disse Marília.

A deputada destacou ainda que o produto de proteção íntima é taxado como produto de cosmética, por isso possui um preço de mercado elevado.

“Estamos trabalhando para que a nossa bancada federal apresente no congresso e senado a proposta de isenção do ICMS da taxação para que o absorvente se torne um produto mais acessível”, revelou a parlamentar.

 

Pobreza menstrual

A pobreza menstrual está relacionada à falta de produtos de higiene, como absorventes, sabonetes e de condições básicas para garantir a higiene menstrual, o que inclui saneamento básico, água tratada, acesso à informação sobre saúde menstrual e educação.

A campanha Dignidade Menstrual busca sensibilizar, conscientizar e combater uma problemática que muitos desconhecem, mas que vivenciado por mulheres, pessoas trans ou não-binárias e que traz consequências negativas como riscos à saúde e impactos na educação.

A comissão responsável trouxe estatísticas importantes de um levantamento nacional que chancelam a importância do tema. O levantamento diz que uma a cada quatro meninas faltam a escola quando estão no período menstrual, o que afeta o seu rendimento escolar e aumentam as chances de evasão.

Sem opção, as mulheres nestas condições acabam se utilizando de recursos não higiênicos como jornal, papel higiênico, trapos de pano e até miolo de pão, o que causa problemas de saúde bem mais graves como infertilidade.

Quanto custa menstruar afinal?

Os dados mostram ainda que uma mulher gasta entre R$3 mil a R$8 mil reais ao longo de sua vida com absorventes. Um custo absurdo para um país como o Brasil com uma realidade de extrema pobreza.

A cada 7,5 milhões de brasileiras, 213 mil não tem acesso a banheiros adequados, sendo 66% de pessoas que se consideram negras. Outro dado mostra que 17% das mulheres até os 19 anos e 11% com mais de 80 anos não têm acesso a água encanada no Brasil.

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