Em reencontro após dois anos, grupos fazem a abertura oficial do Ciclo do Marabaixo 2022
As caixas rufaram na Residência Oficial, área de onde os negros foram transferidos há mais de 70 anos
Diferentes gerações de marabaixeiros se encontraram na abertura do Ciclo do Marabaixo 2022
“Hoje é um dia histórico, quando os negros dançam marabaixo no lugar de onde um dia nossos antepassados foram mandados embora”.
A frase dita por Valdinete Costa, representante do grupo Berço do Marabaixo, fazendo referência à Residência Oficial, onde na noite desta quarta-feira, 13, aconteceu a abertura oficial do Ciclo do Marabaixo 2022, realizado com apoio do Governo do Amapá.
Conta a história que o então governador Janary Gentil Nunes (1912-1984) transferiu negros que habitavam a área onde hoje é o Centro de Macapá, para a construção de prédios como a própria Residência. Dali, tiveram origens os bairros do Laguinho e Favela (Santa Rita) e esse fato deu origem ao famoso ladrão (verso de marabaixo) “Aonde tu vai, rapaz, por esses caminhos sozinho? Vou fazer a minha morada, lá nos campos do Laguinho”.
Passados mais de 70 anos do episódio, a comunidade negra fez o caminho inverso. Os cinco grupos que realizam o Ciclo do Marabaixo, Raízes da Favela, Berço do Marabaixo, Marabaixo do Pavão, Raimundo Ladislau e Campina Grande, se reuniram em uma solenidade que marca a abertura do primeiro evento presencial após dois anos apenas pela internet, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
As boas vindas foram dadas pelos secretários Joel Nascimento Borges (Seafro), Sâmylla Rocha (Juventude), Cléverson Baía (Cultura), Evandro Milhomem (assessor de Governo), que representou o governador Waldez Góes e vereador de Macapá, Dudu Tavares. O secretário da Secult, Cléverson Baía aproveitou para destacar o fortalecimento da cultura nos últimos anos, com a democratização do acesso aos recursos pelos artistas, através da política de editais.
“Com os editais da Lei Aldir Blanc, o Estado, através da Secretaria de Cultura, fomentou e premiou nossos artistas, garantindo fortalecimento dos diferentes segmentos culturais. Esse fortalecimento inclui também o marabaixo, nossa maior identidade cultural”, disse Baía.
Já o secretário da Seafro, Joel Borges, destacou a transformação da secretaria extraordinária em fundação, através da Lei 2.560. A criação da nova entidade já foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), do último dia 2 de abril; a contar da data de publicação, a extinção da Seafro e a implantação da Fundação Marabaixo deve acontecer no prazo de até 180 dias.
“A nova fundação terá como missão a formulação e coordenação de políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade racial. Mas também terá como missão apoiar e valorizar a cultura negra, com toda sua peculiaridade. Tudo isso com autonomia administrativa e financeira. Sem dúvida, é a maior conquista para a comunidade negra amapaense”, ponderou Borges.
Após os discursos oficiais, as caixas rufaram. Os cinco grupos fizeram uma apresentação conjunta, chamada por eles de “marabaixão”, fusão das palavras “marabaixo” e “união”. O evento foi encerrado ao som da banda Afro Brasil, que mistura o marabaixo a outros ritmos.
A programação nos barracões inicia no próximo sábado, 16 de abril e segue até o dia 19 de junho. O Governo do Estado garantiu R$ 110 mil para o Ciclo do Marabaixo 2022, valor que será dividido igualmente entre os grupos realizadores. A divisão do repasse é feita pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
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