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Ciclo do Marabaixo: gerações se encontram para celebrar a maior expressão cultural das comunidades negras do Amapá

No rufar dos tambores, crianças, adultos e idosos de todo o estado se reúnem para reforçar que a tradição de seus antepassados seja mantida.

Por Kelison Neves
02/04/2023 02h32

Crianças, adultos e idosos mantêm a força da tradição

É no rufar dos tambores que crianças, adultos e idosos se reúnem para celebrar a maior expressão cultural das comunidades negras do Amapá. O marabaixo se destaca por carregar consigo características inconfundíveis que atravessam gerações, como o o canto, a dança, a música e o rodar das saias floridas. São costumes que surgiram a partir da fé de todo um povo devoto ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade.

Na abertura do Ciclo do Marabaixo 2023, que segue até este domingo, 2, com apoio do Governo do Amapá, várias famílias se reúnem para festejar os costumes e reforçar que a tradição seja mantida.

Ao som de batuques de caixas e composições conhecidas como “ladrões”, o marabaixo é dançado em círculos para que ninguém fique fora do espetáculo, que ora acompanha o compasso da melodia, ora adotam um estilo mais agitado.

No vai e vem de uma roda que segue o sentido anti-horário, homens e mulheres, meninos e meninas, dançam com naturalidade, leveza e brilho. Como toque especial, são acrescentadas às performances corporais o uso de saias rodadas floridas, camisas coloridas, colares, toalha no ombro e flores nos cabelos.

Encontro de gerações
Mais do que uma herança cultural, o marabaixo se tornou um estilo de vida para muitas pessoas, que buscam manter vivos os legados de seus antepassados.

Uma tarefa que a agricultora Maria Augusta Ataíde faz desde os 18 anos, quando aprendeu a dançar na comunidade quilombola Ressaca da Pedreira, lugar onde nasceu e cresceu. Hoje, aos 65 anos, ela segue cumprindo a tradição com muita alegria e energia.

“Depois que eu aprendi, passei tudo que sabia para os meus filhos, depois os netos e já tá chegando aos bisnetos. Na minha família, todo mundo tem a oportunidade de aprender os costumes e, principalmente, a dança do marabaixo”, destacou Maria Ataíde.

O sentimento é compartilhado pelo neto da marabaixeira, Ronan Ataíde, de 39 anos. "Desde pequeno, a minha avó já me influenciava a participar da cultura do marabaixo. Montaram um grupo na Ressaca da Pedreira e a minha avó sempre participava. Aí eu vendo ela dançando, comecei a me interessar cada vez mais e agora o marabaixo faz parte da minha vida e não perco nenhuma roda de dança”, disse Ronan.

Na família da Gabriely Azevedo, de 24 anos, o marabaixo é tão presente que não tem idade para começar a aprender os costumes da maior manifestação cultural do Amapá. Para se ter ideia do quanto essa tradição é levada a sério, o filho de Gabriely, Marcos Miguel, de apenas 3 anos, já faz parte do grupo que toca caixa.

“Na minha família, o marabaixo começou com a minha tataravó, passou pela minha bisavó e agora tá sendo repassado para o membro mais novo, que é o meu filho. Quando vejo ele, tão novo, já tocando caixa no ritmo certo, eu fico encantada e convicta que ele vai passar essa tradição para as gerações depois dele”, disse Gabriely.

Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2018, o marabaixo recebe apoio do Estado. Para a realização do Ciclo 2023, o Governo do Amapá realizou investimentos por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e Fundação Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Fundação Marabaixo).

Ciclo do Marabaixo 2023
O Governo do Amapá apoia o Ciclo do Marabaixo 2023. A abertura do evento acontece no Centro de Cultura Negra Raimundinha Ramos, no bairro do Laguinho, em Macapá.

Confira a programação deste domingo, 2:

  • 18h – Estande de Exposição das cinco Casas/Barracões que realizam o Ciclo do Marabaixo
    Degustação da Culinária e Bebida Tradicional;
    Feira de Afro-Empreendedora e Quilombola;
    Exposição do Museu do Negro.

  • 18h30 – Roda de Capoeira/ Sementes da Capoeira Regional

  • 19h – Encontro das Bandeiras

  • 19h30 – Apresentações Culturais:
    Grupo de Marabaixo São José do Matafome;
    Grupo Mojap;
    Grupo de Marabaixo Manoel Felipe;
    Grupo de Marabaixo São João do Matapi;
    Grupo Herdeiros da Tradição;
    Grupo de Marabaixo Berço da Favela;
    Azebic.

  • 23h – Show: Verônica dos Tambores

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