'O único momento em que realmente me sinto livre é quando estou escrevendo', relata escritor durante 1ª Folia Literária Internacional do Amapá
Liberdade e literatura são temas de mesa-redonda durante a feira.
Poeta diz que encontra liberdade enquanto escreve
Liberdade é, entre outros, o sentimento mais comum a todos os poetas quando estão imersos na escrita. Para discutir essa sensação e sua relação com a literatura, escritores do Amapá e Pará se reuniram em uma 'mesa-redonda' durante a 1ª Folia Literária Internacional do Amapá, no domingo, 29.
O evento reuniu as escritoras amapaenses Alcinéa Cavalcante e Carla Nobre e, representando o estado do Pará, o escritor, poeta e tradutor Antônio Moura. O poeta baiano Luís Pimentel mediou o debate.
Com 13 livros publicados, Antônio Moura, enfatizou que o escritor consegue alcançar a liberdade por meio da escrita.
"A literatura permite você experimentar uma linguagem fora da esfera do poder. A poesia é essencialmente a busca por liberdade da linguagem e a partir da liberdade da linguagem, do mundo. O único momento que realmente me sinto livre é quando estou escrevendo", destacou Moura.
Um dos desafios apontados pelos escritores foi o acesso às editoras comprometidas com a publicação de livros de poesia no Amapá. Eles acreditam que essa escassez acaba refletindo no ecossistema poético, já que muitos precisam realizar suas publicações por conta própria. Outro tema abordado, provocado pela poetisa Carla Nobre, foi a participação da mulher na produção literária no Brasil.
"Porque quando você fala do empoderamento feminino não há como não falar de liberdade. Mesmo que em nossa sociedade haja muitas quebras de preconceito, a mulher ainda é tratada de forma menor. A busca por liberdade estará sempre presente em nossos versos. Muitas vezes é só liberdade o que a gente quer", questionou a poetisa. Alcinéa Cavalcante lembrou do tempo em que a poesia foi censurada no Brasil. Ela reforçou que, há 50 anos, seu primeiro livro foi censurado. Os exemplares nem chegaram a sair da editora, foram todos confiscados pelas forças de repressão local da época.
"Então, não teve lançamento, os convidados foram chegando e não tinha a publicação e a gente explicando o que aconteceu. E foi tudo destruído, não foi devolvido. E eu não lembro de ter escrito alguma coisa que ferisse o regime, até porque eu era uma menina naquela época. Eu tinha 17, 18 anos por aí. E então tivemos isso de ter a liberdade para escrever, mas vem a censura", apontou Alcinéa. 1ª Folia Literária Internacional do Amapá
Ao longo de três dias, a 1ª Folia Literária Internacional do Amapá levou incentivo à leitura e programação cultural ao Parque do Forte, às margens do Rio Amazonas, na orla de Macapá. O evento, que reuniu renomados escritores do país e outras partes do mundo, realizou uma vasta programação com palestras, oficinas, apresentações culturais e shows musicais.
A estrutura da feira, que marca a retomada após 10 anos de festivais que contemplem a literatura amapaense, contou com mais de 20 boxes e 2 barracões, onde foram realizadas várias atividades de expressões artísticas. Além disso, o espaço teve o Corredor Literário, com estandes de livrarias e a Cápsula do Tempo Virtual, do “Amapá 80 Anos”.
A primeira edição homenageou os escritores e poetas Ivo Torres e Alcy Araújo (in memoriam). Foram 54 artistas amapaenses, e 14 artistas de outros estados e países, como São Paulo, Alagoas, Amazonas, Roraima, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul, e Guiana Francesa e Índia.
A feira integra o plano de gestão do Governo do Amapá e é realizada em parceria com as Organizações Culturais da Amazônia (OCA Produções), com o apoio dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AP).
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