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Figura histórica do carnaval amapaense, Dona Fifita traz memórias das folias em 'verde e rosa'

Professora aposentada é um dos símbolos da Maracatu da Favela, umas das agremiações mais antigas do Amapá.

Por Luan Rodrigues
01/02/2024 10h05

Dona Fifita, 86 anos, passou seu amor pela Maracatu da Favela e pelo carnaval para outras gerações da sua família

Atraída para o carnaval de escolas de samba, ainda na juventude, pelo marido, o histórico mestre de bateria, Pelé, Josefa Gonçalves, mais conhecida por todos do samba como dona “Fifita”, não só virou uma apaixonada pela Maracatu da Favela, sua agremiação de coração, como se tornou uma das grandes figuras das folias em “verde e rosa” do Amapá. Construindo uma relação que já dura quase 50 anos, um amor que atravessa gerações e se entrelaça com o carnaval.

“Quando mais nova, ia nos vesperais com umas amigas minhas, no Macapá Hotel, dançávamos as marchinhas de carnaval, era uma diversão só. Então, quando comecei a ir para os eventos da Maracatu com meu marido e fui chamada pra fazer parte da escola, pelo José Vagalume e o Heitor de Azevedo Picanço, não tinha como eu não me ligar a ela. Sou apaixonada por tudo isso, e até hoje me pego dançando sozinha em casa marchinhas e sambas antigos na caixa de som”, fala com um sorriso aberto. 

No início de sua relação com a agremiação, e também nos primeiros anos de desfile das escolas, ainda na Avenida FAB, em Macapá, ele relembra que havia muito preconceito de famílias do próprio bairro da Favela, atual Santa Rita, reduto da Maracatu, com a instituição.

Quando fazia convites para os jovens participarem dos eventos carnavalescos, dona Fifita chegou até ouvir um pai dizer que não aceitaria que sua filha participasse de um “antro de perdição”. Mas com o passar dos tempos, com a escola se conectando cada vez mais com a comunidade do bairro e o crescimento do carnaval, as famílias começaram, até, a ajudar financeiramente a agremiação.

Ela recorda também, a evolução da estrutura das escolas, e a importância do início do investimento na festa, ainda nos tempos do Governo do Território Federal do Amapá, na época, e que hoje e está muito mais fortalecida pelo Governo do Estado. Por muito tempo as agremiações nem entravam na avenida com os carros alegóricos, e também havia poucos componentes nos desfiles.

“As escolas só se mantinham com um esforço muito grande de algumas figuras, hoje muitos já viraram estrelas, como no caso da Maracatu, tinha o seu José Vagalume, que todo ano penhorava o anel de ouro dele para ajudar a escola e depois corria atrás pra comprar de novo o anel, para fazer o mesmo, novamente no ano seguinte”, relatou a professora aposentada do ex-Território.

A partir do contato com os fundadores da agremiação, dona Fifita soube de muitas histórias sobre as folias carnavalescas passadas, como a origem das cores “verde e rosa” que estampam o pavilhão da escola.

O que muita gente não sabe, é que as primeiras cores da escola eram o “azul e o branco”, mas pelo fato da Embaixada de Samba Cidade de Macapá, já ter sido registrada com essas cores, foi dada a ideia de utilizar as cores atuais, que inclusive representa um dos apelidos da instituição e claro, tem inspiração na Mangueira, do Rio de Janeiro.

“A escolha veio após uma viagem a trabalho do seu Heitor de Azevedo Picanço para o Rio. Ele era entrosado com a Mangueira, torcia para a escola inclusive, conheceu toda a estrutura, e então pediu permissão para que nós usássemos aqui o verde e o rosa, em homenagem a escola carioca”, explicou Dona Fifita, vestida de verde e rosa, da cabeça aos pés.

Hoje, como uma das maiores baluartes da Maracatu da Favela, ela repassa essa paixão pela agremiação para as diferentes gerações da família. Filhos e netos já ocuparam diferentes posições na verde-rosa, como presidente, carnavalescos, mestre da bateria, rainha da bateria e compositores.

Como é o caso da filha, Mariana Gonçalves, que já foi carnavalesca e até escreveu um livro sobre os carnavais da agremiação e outros movimentos culturais do bairro e da região em volta, intitulado “Os caminhos que levam à Favela”.

Para os desfiles de 2024, Dona Fifita espera que não só, claro, a sua escola querida leve o seu décimo título para a Favela, mas também, que todas as outras agremiações façam lindos desfiles, engrandecendo o espetáculo como um todo. No ano em que completa 86 anos de idade, ela pretende sair na ala da velha-guarda da escola, e confia que nem as dores no joelho vão ser capazes de deixá-la em casa.

“Vou para a avenida, me segurando, mas eu vou, se Deus quiser. Eu gosto muito do carnaval, meu marido que diz assim, ‘quando é que tu vai parar com esse fogo de carnaval?’, eu digo, ai meu velho’ (risos)”, brincou dona Fifita.

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