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Ladainha em Latim traz história e devoção no segundo dia da Central do Marabaixo, em Macapá

Esta é a primeira vez que a oração é realizada e marca tradição afro-amapaense.

Por Thaysa Ruane
26/03/2024 11h00

Celebração aconteceu no Centro de Cultura Negra Raimunda Ramos, em Macapá

Durante o segundo dia da Central do Marabaixo, promovida pelo Governo do Amapá, a apresentação da Ladainha em latim emocionou o público presente no Centro de Cultura Negra Raimunda Ramos, em Macapá. Esta é a primeira vez que a oração, cantada e ensinada por gerações, foi realizada, celebrando a cultura e a ancestralidade afro-amapaenses.

O momento de devoção foi conduzido pelo mestre rezador Joaquim Carolina. A ladainha é uma composição que junta orações populares a trechos em latim, refletindo sua diversidade cultural e religiosa. O canto compartilha a devoção aos santos homenageados no Ciclo do Marabaixo, como o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade.

Com a segunda edição da Central do Marabaixo, o objetivo é aproximar a população dos ritos e costumes desta manifestação cultural tão importante para a identidade amapaense. A iniciativa está alinhada ao Plano de Governo, que tem como compromisso fortalecer a cultura popular e consolidar uma política pública voltada ao marabaixo.

Para a diretora técnica de Promoção de Igualdade Racial da Fundação Marabaixo, Danniela Ramos, as ladainhas representam um momento de conexão espiritual e renovação da fé, expressando gratidão e fortalecendo os laços com os santos venerados.

“O Ciclo do Marabaixo é dividido pelo lúdico, caracterizado pela dança, música, som da caixa, e o religioso, que inclui as ladainhas e as missas em honra aos santos. Nos barracões do bairro do Laguinho, as ladainhas se estendem por 18 dias, enquanto em outras comunidades, como Favela, Casa Grande e Campina Grande, o período é de nove dias, pois rezam somente para a Santíssima Trindade”, explica Danniela.

A ladainha faz parte das festas tradicionais do estado, especialmente no marabaixo e no batuque. Quando um padre não conseguia chegar às comunidades, os rezadores eram os responsáveis por conduzir essa parte da oração, tornando-se uma tradição histórica e familiar.

“É um momento para alimentar o espírito e a fé do marabaixeiro, agradecendo pela força que esses santos nos dão, pela fé e devoção que nós temos neles e essa força que eles nos dão de continuar fortalecendo, valorizando e perpetuando essa tradição secular chamada ciclo do Marabaixo”, finaliza, Danniela.

Tradição e juventude

Entre os destaques do momento de devoção, está a participação de crianças e jovens que abraçam o legado cultural com entusiasmo e respeito. O jovem rezador Fábio Sacaca fala que o momento é uma oportunidade de dar continuidade a esta tradição.

“Minha avó sempre realizou os festejos na casa dela. Com 14 anos, assumi a responsabilidade de conduzir esse legado, rezando no Laguinho, na favela e em outras comunidades. Eu fico muito satisfeito em manter viva essa tradição de rezar a ladainha em latim”, comemora Sacaca.

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