'É um sonho de infância poder ingressar na faculdade', diz aluno sobre licenciatura indígena apoiada pelo Governo do Amapá
Da etnia Karipuna, Breno de Souza, de 30 anos, é um dos alunos beneficiados pela iniciativa que contribui para a formação e inserção de 70 professores nas comunidades tradicionais.
O Governo do Amapá, em parceria com a Universidade Federal do Amapá (Unifap), está viabilizando a formação de 70 professores indígenas por meio da Licenciatura Intercultural Indígena. A graduação atende nove povos estado e do Norte do Pará, Wajãpi, Tiriyó, Palikur, Karipuna, Kaxuyana, Galibi-Marworno, Galibi-Kali´nã e Apalai. A formação de professores no Amapá tem sido uma oportunidade para fortalecer a cultura e ampliar a educação dentro das comunidades.
Breno de Souza, 30 anos, da etnia Karipuna, é um dos alunos beneficiados pela iniciativa. Ele concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Indígena Jorge Iáparra e atualmente reside na Aldeia Manga, no município de Oiapoque.
"Eu sempre quis atuar como professor dentro da própria comunidade, mas tive dificuldades para ingressar na faculdade. Agora, com a licenciatura, tenho a chance de levar conhecimento e fortalecer nossa cultura. Estou realizando um sonho", afirma o acadêmico.
A licenciatura visa qualificar professores pertencentes aos povos indígenas do Amapá e do Norte do Pará. As propostas de valorizar as tradições e proporcionar um ensino que respeite e reforce os conhecimentos ancestrais fazem parte do Programa de Formação Continuada de Professores (Parfor Equidade), que capacita docentes considerando as especificidades culturais e históricas das comunidades tradicionais.
O estudante afirma que sua experiência no curso tem sido positiva. Ele ressalta que as disciplinas oferecidas estão alinhadas com as necessidades da comunidade, pois incentivam a valorização dos costumes e da cultura Karipuna.
"Desde o início, percebi a importância do curso na preservação de nossa identidade. Uma das primeiras matérias abordadas foi sobre os costumes do passado e os atuais, o que contribui para reforçar a conexão dos alunos com a cultura. Com certeza me graduar vai tornar mais fácil a aplicação desse conhecimento, incentivando a população indígena e as crianças que estão vindo", afirmou.
A intenção de Breno, após concluir a licenciatura, é utilizar esse conhecimento para fortalecer ainda mais os costumes locais, principalmente entre as novas gerações. Para isso, já planeja metodologias que possam tornar o ensino mais acessível e próximo da realidade dos estudantes indígenas residentes em sua comunidade.
A graduação também tem sido um marco na trajetória de Agnaldo Waratana Kaxuyana, professor do 1° ao 5° ano na Escola Indígena Santo Antônio. Natural da Aldeia Santo Antônio, localizada no Parque do Tumucumaque, no Oeste do Amapá, próximo ao Suriname, ele fala as línguas Tiriyó e Kaxuyana e se formou na Escola Indígena Estadual Tawainen.
Agnaldo conta que ingressar na universidade sempre foi um grande desafio, já que toda a sua formação ocorreu dentro da aldeia. Apesar das dificuldades, a licenciatura é uma oportunidade de continuar seus estudos e aprofundar seus conhecimentos.
"Durante o curso, tive contato com disciplinas novas, como informática, etnologia e história indígena, o que auxilia a atuação como professor. Pretendo aplicar os conhecimentos adquiridos na sala de aula e na comunidade, promovendo pesquisas, contando histórias e incentivando todos a conhecerem suas próprias origens", explica.
Para o futuro, Agnaldo deseja continuar estudando e crescendo profissionalmente. Ele entende que a caminhada é longa, mas pretende avançar aos poucos, buscando novas oportunidades.
"Vejo que muitas pessoas da minha comunidade são indígenas, mas nem sempre conhecem toda a sua cultura. Meu objetivo é levar esse conhecimento para eles, e percebi que essa era a chance de seguir meu caminho na educação", finaliza o aluno.
O papel dos professores indígenas
A licenciatura específica para indígenas representa um avanço na educação do Amapá, permitindo que novos profissionais retornem às suas comunidades com um ensino que respeita a diversidade e fortalece a identidade dos povos tradicionais.
Após a conclusão do curso, os novos educadores poderão atuar nas 54 escolas indígenas do estado, garantindo que as novas gerações tenham acesso ao conhecimento ancestral.
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