Tratamento garantido pelo Governo do Amapá está transformando a qualidade de vida de crianças com pé torto congênito

O Governo do Amapá oferece um tratamento especializado para crianças que nascem com o pé torto congênito, que está transformando a qualidade de vida dos pacientes. O trabalho é desenvolvido no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA), em parceria com a Associação Pé Torto. 

Atualmente, 30 crianças são acompanhadas semanalmente. Em janeiro, outros 9 pacientes foram recebidos pelo ortopedista Roberto Dourado, responsável pela iniciativa. Muitos bebês são encaminhados pelo Hospital da Mulher Mãe Luzia para avaliação assim que nascem e, se diagnosticados, já iniciam o tratamento.

"O pé torto congênito é uma deformidade que a gente enxerga no nascimento. É um pé para dentro, para baixo, que tem o arco mais exacerbado. Com cerca de um mês de vida, já podemos iniciar o tratamento com gesso, onde o pé invertido é trazido progressivamente à posição correta, e quanto mais cedo, mais rápida a recuperação", explica o ortopedista.

O tratamento é longo e utiliza o método "Ponseti", que consiste na correção progressiva dos pés com gessos, seguido de uma pequena cirurgia no tendão de Aquiles, chamada de tenotomia, indicada em 95% dos casos. Após essa fase, é essencial o uso de órtese para manter a correção.

Recentemente, o atendimento foi ampliado para crianças mais velhas e adultos, que também podem ser tratados com o método, que é simples, mas extremamente eficaz, sendo referência nos Estados Unidos, por exemplo. Cerca de 15 pacientes adultos estão sendo acompanhados, e novos casos chegam frequentemente.

"Já tivemos um caso em que um pai procurou o tratamento para o filho e acabou descobrindo que também poderia ser tratado. Hoje, os dois estão bem e melhorando cada vez mais", comemora Dourado.

Um dos desafios do tratamento é a obtenção da órtese de Denis Browne, equipamento fundamental para evitar o retorno do pé torto após a correção inicial. O par de botas é ligado por uma barra, e custa cerca de R$ 500.

Serviço ortopédico

O projeto de ortopedia infantil do pé torto congênito iniciou de forma voluntária pelo ortopedista e a família de um paciente que buscava o tratamento no estado. O atendimento começou dentro do Hospital de Emergência (HE), em Macapá. Na unidade, foram atendidos cerca de 200 pacientes, que continuam em acompanhamento.

Com a mudança para o Hospital da Criança e do Adolescente, a expectativa é expandir o serviço e consolidar um centro de referência estadual para pacientes com essa condição.

"Nós iniciamos esse trabalho no HE, depois passamos para a sala de gesso e hoje estamos no HCA. Nosso objetivo é estruturar um ambulatório de referência, com um banco de órteses para que as crianças possam sair do tratamento já com esse equipamento e, ao final, devolver para que outras também possam utilizá-lo", explicou Roberto Dourado.

A Associação Pé Torto foi fundada por Michelly Oliveira Silva, que criou a entidade após enfrentar dificuldades para encontrar tratamento para o filho, Pedro Santos, à época. Com o apoio do médico, a iniciativa se fortaleceu no estado, ajudando outras famílias.

Saiba como acessar o serviço

O tratamento no HCA pode ser solicitado por meio da Central de Regulação ou diretamente pela Associação Pé Torto do Amapá. Outras informações podem ser atualizadas pelo telefone (96) 98121-5127.

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