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ENSINO RESTAURATIVO

Escola São José conclui jornada pedagógica com capacitação em práticas de ressocialização e metodologias colaborativas

Capacitação aconteceu no auditório do Ministério Público, em Macapá e formou 51 profissionais da instituição.

Por Breno Pantoja
21/03/2025 10h39
Formação foi promovida pelo Ministério Público do Amapá e coordenada pelo Núcleo de Mediação, Conciliação e Práticas Restaurativas da Promotoria de Santana

A Escola Estadual São José, localizada dentro do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), encerrou nesta quinta-feira, 20, sua jornada pedagógica com a capacitação de 51 profissionais da instituição em práticas restaurativas. O evento aconteceu no auditório do Ministério Público do Amapá (MP-AP) e marcou um avanço na implementação do projeto "Escola Restaurativa", que busca fortalecer a ressocialização dos internos por meio da educação.

A jornada teve início no dia 10 de março, com uma palestra da neurocientista Ciana Guimarães, abordando o tema "Do estresse à excelência: como gerenciar emoções e prioridades na educação". Durante o evento, profissionais da escola foram treinados para utilizar metodologias que visam melhorar o relacionamento interpessoal, promovendo um ambiente mais harmônico e colaborativo dentro da unidade prisional.

Foram capacitados 51 profissionais da Escola São José

O que são as práticas restaurativas?

Segundo a diretora da Escola São José, Suzy Hellen, as práticas restaurativas são ferramentas fundamentais para promover a cultura de paz dentro da escola e, consequentemente, no ambiente prisional.

"Estamos capacitando os professores e demais profissionais para facilitar os círculos, que são espaços de diálogo onde se trabalha a empatia e o senso de pertencimento. O objetivo é que os alunos possam, através do conhecimento, resgatar valores e ressignificar suas vidas", explicou a diretora.

A diretora da Escola São José, Suzy Hellen, em dinâmica da formação

A formação em práticas restaurativas foi promovida pelo Ministério Público do Amapá, por meio do Núcleo de Mediação, Conciliação e Práticas Restaurativas da Promotoria de Santana. O treinamento abrange quatro etapas essenciais:

  • Mediação: solução de conflitos por meio do diálogo;
  • Conciliação: construção de acordos pacíficos;
  • Conferência Familiar: envolvimento da família na resolução de problemas;
  • Círculos de Construção de Paz: espaços de reflexão para fortalecer o senso de pertencimento e empatia.

E as atividades circulares das práticas restaurativas estão alinhadas aos quatro pilares da educação:

  • Aprender a ser;
  • Aprender a fazer;
  • Aprender a viver;
  • Aprender a aprender.

A gerente do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (Neja), Ingrid Bastos, destacou a importância da formação para o contexto da Escola São José.

"A EJA já é uma modalidade que exige atenção especial, e dentro do Iapen temos um público diverso, com histórias de vida complexas. A ideia da escola restaurativa é humanizar essas pessoas, sensibilizá-las para a importância da educação e prepará-las para uma reintegração social mais efetiva", afirmou Ingrid.

A gerente do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (Neja), Ingrid Bastos, em dinâmica da formação.

"Liberdade em Versos": literatura e ressocialização

Um dos trabalhos mais significativos do projeto desenvolvido na Escola São José foi a produção do livro "Liberdade em Versos: Valorização dos Escritores no Cárcere", organizado pela professora de Língua Portuguesa, Aline Raiol. A obra reúne 45 poesias escritas pelos alunos da escola ao longo de 2024. O livro foi construído nas Oficinas de Poemas desenvolvida pela professora.

"O livro surgiu da necessidade de dar voz aos alunos privados de liberdade. Através da oficina de poesia, eles puderam expressar sentimentos e reflexões, mostrando que, mesmo encarcerados, não estão privados do pensamento. São 45 poesias que representam um espaço de transformação e ressignificação", explicou a professora.

Professora de Língua Portuguesa, Aline Raiol com o livro ″Liberdade em Versos: Valorização dos Escritores no Cárcere″

Implementação das práticas restaurativas em 2025

A Escola São José já havia tido um Núcleo de Mediação e Práticas Restaurativas ativo em 2016, mas o projeto perdeu força ao longo dos anos, especialmente durante a pandemia de Covid-19. Agora, com todos os professores e profissionais capacitados, a proposta é consolidar a cultura restaurativa dentro da instituição.

"A intenção é que os professores utilizem essas metodologias no seu ambiente de trabalho. As práticas restaurativas não vêm para passar a mão na cabeça de ninguém, mas para criar espaços de diálogo que promovam uma cultura de paz e não violência. Queremos que os alunos compreendam seus direitos e deveres e encontrem, através da educação, caminhos para superar as dificuldades do cárcere", ressaltou a diretora Suzy Hellen.

A jornada pedagógica também contou com a participação de representantes do Instituto Penitenciário, que reforçaram a importância das práticas restaurativas para a rotina da escola em 2025. A intenção da nova gestão é consolidar essas metodologias como parte da cultura da Escola São José, garantindo que a educação continue sendo um agente de transformação dentro do sistema prisional.

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ÁREA: Educação