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Dia Estadual do Marabaixo: 35 grupos fizeram grande apresentação para saudar manifestação cultural afro-amapaense

O “Marabaixão” foi o ponto alto das celebrações do evento.

Por Gabriel Penha
17/06/2024 00h00

O Dia Estadual do Marabaixo, celebrado no domingo, 16 de junho, não poderia ser comemorado de outra maneira: com muitas caixas rufando e com o rodar das saias nas rodas de marabaixo. Um total de 53 grupos se reuniu para uma grande apresentação conjunta, o chamado “Marabaixão”, em uma estrutura de palco montada na frente da Casa do Artesão, na orla de Macapá.

Além dos seis grupos que realizam o Ciclo do Marabaixo (Berço do Marabaixo, Raízes da Favela, Marabaixo do Pavão, Raimundo Ladislau, Campina Grande e Casa Grande) também participaram grupos de Macapá e de comunidades do interior.

Aos seus 80 anos, dona Antônia Grande veio da comunidade de Campina Grande, localizada às margens do trecho sul da BR-156. Ela disse que fez questão de estar presente, pois se sente reconhecida ao ser convidada para o evento.

“É uma grande honra participar dessa homenagem do Governo do Estado. Não vou subir no palco, mas vou estar aqui, participando. Hoje o nosso marabaixo recebe o devido respeito e reconhecimento”, destacou dona Antônia.

Na outra ponta do choque de gerações que a cultura marabaixeira proporciona, a participação intensa de crianças e jovens. Em todas as apresentações os pequenos foram destaque, tocando caixas, cantando ou dançando.

A jovem Lorrany Mendes, de 19 anos, participou da apresentação do grupo Herdeiros da Tradição. Conhecida por fazer apresentações em eventos públicos e particulares entoando o Hino Nacional e a Canção do Amapá em ritmo de marabaixo, ela se disse orgulhosa de participar das homenagens.

“O 16 de junho é um dia muito feliz, de reconhecimento, mas também de luta, para que esse reconhecimento se fortaleça ainda mais. Para mim, é um legado de família, que pretendo levar aonde quer que eu vá”, emociona-se Lorrany.

A diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos, destacou a valorização da cultura do povo afro-amapaense pelo Governo do Estado.

“Um dia o povo negro, que um dia foi retirado da frente da cidade, volta para cá para celebrar sua ancestralidade. Hoje é um dia luta do povo marabaixeiro, pela nossa mais autêntica manifestação cultural. Ao som dos nossos tambores, mostramos que a cultura afrodescendente desse Estado é resistência”, ressaltou Josilana.

A secretária de Estado da Cultura, Clicia Vieira Di Miceli, prestigiou as rodas e fez questão de cumprimentar os fazedores de cultura e acompanhar as rodas. A gestora destaca a união dos grupos para a manutenção da tradição.

“Essa grande roda de marabaixo mostra a união e a força das famílias que lutam para manter viva essa rica identidade cultural. Comunidades rurais e urbanas se unem para contar e recontar essa história, que também é resistência”, destaca a secretária.

Semana Estadual do Marabaixo

O Marabaixão faz parte da Semana Estadual do Marabaixo, coordenada pelo Governo do Estado em conjunto com os grupos culturais. Na sexta-feira, 14, uma sessão solene na Assembleia Legislativa (Alap) marcou homenagens aos marabaixeiros.

No próximo dia 22 (sábado) acontece o IV Congresso do Marabaixo. O evento está com as inscrições abertas pelo link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd6m3FXNh5BA2qeaaie_Vr_CRpdLBUFJusNebrL7vZKWueq0w/viewform

Sobre a data

O Dia Estadual do Marabaixo foi criado através da Lei Estadual 1521/2010, de autoria do saudoso deputado estadual Dalto Martins. É um reconhecimento oficial à manifestação cultural, marcada pelo culto ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade.

A tradição é um legado de pioneiros e pioneiras que deram a vida para que a tradição não acabasse. Em 2018, o Marabaixo recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan.

A cultura do Marabaixo é conhecida pelos seus elementos, como as caixas, os ladrões (versos), as roupas (saias rodadas e blusas floridas), a gengibirra (bebida ritual) e pela culinária (cozidão, porco guisado, entre outras iguarias. Destacam-se também os rituais, como o corte, subida e derrubada dos mastros, corte e cortejo da murta, ladainhas, dentre outros.

Investimento de R$ 1,4 milhão no Ciclo do Marabaixo

Com uma programação que segue o calendário da Igreja Católica, o Ciclo do Marabaixo inicia no Sábado de Aleluia e segue até o chamado “Domingo do Senhor”, após a celebração de Corpus Christi. É realizado por seis associações culturais, nas áreas urbana e rural de Macapá.

A tradição recebe o apoio do Governo do Amapá. Este ano, o Ciclo do Marabaixo 2024 recebeu investimento de R$ 1,4 milhão. Pelo segundo ano consecutivo, também realizou a Central do Marabaixo, espaço onde amapaenses e turistas conhecem melhor a cultura marabaixeira e centenária do estado.