Mais de 60% dos atendimentos na UPA Zona Norte são casos de baixa complexidade que poderiam ser resolvidos nas UBSs
Dados mostram predominância de situações leves entre os pacientes que procuram o pronto atendimento.

Um levantamento realizado pela UPA Zona Norte de Macapá mostra que a maioria dos pacientes que procura o serviço de urgência apresenta situações que não exigem atendimento emergencial. Os dados revelam que mais de 60% dos casos registrados poderiam ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), responsáveis pelo cuidado primário e contínuo da população.
De acordo com a direção da unidade, a média mensal de atendimentos varia entre 2,6 mil e 2,8 mil, com aumento nos períodos sazonais, especialmente por conta das síndromes gripais mais frequentes em determinadas épocas do ano. A análise mostra que, entre janeiro e setembro, 66% dos atendimentos foram classificados como pouco urgentes (risco verde) ou não urgentes (risco azul), conforme o Protocolo de Manchester, que organiza o fluxo de pacientes de acordo com a gravidade de cada caso, sendo essas classificações predominantes tanto nos atendimentos adultos quanto pediátricos.

“Grande parte dos pacientes que chegam à UPA apresenta sintomas leves, como febre, tosse, dor de cabeça, escabiose ou necessidade de atualização de receita médica, situações que podem ser atendidas nas Unidades Básicas de Saúde. Quando o acompanhamento é feito corretamente na atenção primária, evita-se a sobrecarga das UPAs e garante-se um cuidado mais resolutivo”, explica a coordenadora de enfermagem, Elen Maria Santos.
Outro ponto em destaque é que setembro apresentou uma procura atípica, com 8.276 atendimentos registrados. Os dados apontam que 5.735 atendimentos foram classificados como verde e azul. As demais classificações, amarela, laranja e vermelha, que indicam urgência e emergência, totalizaram 2.541 atendimentos (31%), demonstrando que uma parcela menor dos casos são os que correspondem ao perfil adequado da unidade.
“Esses números reforçam a necessidade de fortalecer a Atenção Primária à Saúde, ampliando o acesso e a resolutividade nas Unidades Básicas, de modo a reduzir o número de atendimentos de baixa gravidade nas UPAs”, destaca a coordenação.

Manoel Picanço, de 28 anos, que reside no bairro Jardim Felicidade, foi até a UPA acompanhado do pai, João Amoras, de 72 anos, após apresentar sintomas gripais e dor de garganta. Ele relatou ter tentado atendimento na UBS do bairro, mas encontrou a unidade em obras.
“Estou com a garganta inflamada, fui na UBS perto de casa, mas vi que estava fechada, em reforma, então vim para cá. Sei que poderia ter resolvido lá. Aqui na UPA fui atendido e medicado rapidamente. Como sofri um acidente de trânsito mês passado, meu pai me acompanha porque ainda estou com dificuldade para andar”, contou Manoel.

Mesmo não sendo a porta de entrada ideal para casos leves, a UPA Zona Norte não nega atendimento a nenhum paciente. A unidade orienta a população sobre o uso correto dos serviços de saúde, para que os casos graves possam ser atendidos com mais agilidade e segurança.
Função de cada tipo de unidade
- UBSs: realizam consultas médicas, acompanhamento de doenças crônicas, vacinação, testes rápidos, pequenos procedimentos, visitas domiciliares e atendimentos de rotina, especialmente infantil.
- UPAs: funcionam como retaguarda de urgência e emergência, atendendo pacientes que necessitam de assistência imediata, mas sem risco iminente de morte.
Classificação de risco – Protocolo de Manchester
- Risco vermelho: Emergência (atendimento imediato)
- Risco laranja: Muito urgente
- Risco amarelo: Urgente
- Risco verde: Pouco urgente
- Risco azul: Não urgente
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforça que as UPAs atendem casos de urgência, como crises hipertensivas, dor torácica, falta de ar, traumas, convulsões e ferimentos graves. Já os sintomas leves e consultas de rotina devem ser realizados nas UBSs, que são a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e garantem o acompanhamento contínuo da saúde da comunidade.
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