Manifestações reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Amapá foram destaques no palco do 30º Encontro dos Tambores
Zimba, de Cunani (Calçoene); Sairé, do Carvão (Mazagão); e a Festa de Nossa Senhora da Piedade, do Igarapé do Lago (Santana), se apresentaram na mesma noite.
Três manifestações reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Amapá este ano foram destaques no palco do 30º Encontro dos Tambores, evento apoiado pelo Governo do Estado. Os grupos Zimba, da comunidade de Cunani, no município de Calçoene; Sairé, da comunidade do Carvão, em Mazagão, representado pela Associação Cultural São Tomé; e a Festa de Nossa Senhora da Piedade, da vila de Igarapé do Lago, distrito de Santana, apresentada pela União Folclórica do Igarapé do Lago (UFIL), se apresentaram no sábado, 22.
Em comum, as três manifestações receberam reconhecimento oficial em 2025, por meio de Projetos de Lei aprovados pela Assembleia Legislativa (Alap) e sancionados pelo governador Clécio Luís, com publicação no Diário Oficial do Estado (DOE). Todas fizeram as primeiras apresentações no palco do Centro de Cultura Negra Raimundinha Ramos após essa oficialização.
Rosimeire Ramos Macedo, coordenadora do Zimba, de Cunani, afirma que participar do Encontro dos Tambores é sempre uma emoção, por se tratar de uma comunidade remota que demanda grande logística para chegar à capital.
“É sempre uma sensação de dever cumprido estar aqui. Somos distantes da capital e, com cada apoio recebido, conseguimos trazer a cultura herdada de nossos antepassados, fazendo nosso papel para manter viva essa tradição”, destaca Rosimeire.
Na apresentação da Associação São Tomé do Carvão, além do Sairé, o grupo evidenciou também o batuque. A voz que conduziu a cadência foi a de Eleutério Belo, o Mestre Coló, um dos nomes mais respeitados da cultura de Mazagão.
Já pela União Folclórica do Igarapé do Lago (UFIL), quem apresentou o contexto histórico da Festa de Nossa Senhora da Piedade foi o professor e escritor José Maria Pereira. Filho da comunidade, ele é autor do livro “Igarapé do Lago: História e Memória”, obra que resgata a formação histórica e cultural da região.
Mais do que um espetáculo de tambores e dança, os três grupos deram um show de cultura, identidade e pertencimento, momentos que só o Encontro dos Tambores é capaz de proporcionar.
A programação segue até quinta-feira, 27, quando acontece a escolha da Mais Bela Negra, do Mais Belo Negro e da Diversidade. O concurso estava inicialmente previsto para o último dia 19, mas foi adiado devido à forte chuva registrada na data.
O Tambor que nos Une
O Encontro dos Tambores é realizado pela União dos Negros do Amapá (UNA) e pelo Instituto Língua Solta, com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Feppir – Fundação Marabaixo) e da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). O evento integra as comunidades tradicionais por meio da cultura afro-amapaense, com apresentações de grupos de marabaixo, batuque, zimba, sairé, capoeira, hip-hop, reggae, samba, povos de terreiro, além de atrações regionais e shows nacionais.
Este ano, o tema é “O Tambor que nos Une”, que remete à importância do tambor e da união entre os povos tradicionais do Amapá, assim como à luta contra o racismo, a discriminação social e a intolerância religiosa.
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