Governo do Amapá promove primeira Oficina do Cuidado em Saúde Indígena para preparar equipes multiprofissionais no Hospital Universitário
Capacitação fortalece atendimento intercultural e prepara o Hospital Universitário para a qualificação da assistência prestada aos povos originários.
O Governo do Amapá, em parceria com o Hospital Universitário e instituições de saúde indígena da região, realizou a primeira Oficina do Cuidado em Saúde Indígena do Amapá e Norte do Pará, um marco para a qualificação da assistência prestada aos povos originários. A iniciativa reúne profissionais de diversas áreas para aprimorar práticas, alinhar protocolos e fortalecer o atendimento humanizado às comunidades atendidas pela rede estadual.
O encontro acontece no Hospital Universitário, que vem ampliando sua capacidade de acolhimento a pacientes indígenas, especialmente em situações que requerem cuidados especializados. Participam equipes multiprofissionais formadas por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, agentes culturais e gestores da saúde indígena.
Nesta edição, a oficina aborda o tema “Desafios na prática do acolhimento intercultural entre os serviços da rede de atenção especializada”, destacando a importância da articulação entre profissionais, setores e instituições para garantir um atendimento sensível, seguro e eficaz.
A coordenadora estadual de Saúde Indígena, Alessandra Macial, explica que essa preparação é essencial para acompanhar a ampliação dos serviços destinados aos povos indígenas no hospital.
“A capacitação é voltada diretamente para os profissionais do Hospital Universitário. Hoje já contamos com atendimento ambulatorial para a população indígena, e a unidade está avançando para oferecer esse cuidado também nas enfermarias, ampliando o serviço e qualificando as equipes. O objetivo é preparar a equipe multiprofissional do HU-Unifap para compreender plenamente o fluxo de atendimento destinado aos usuários indígenas. A intenção do hospital é estender esse cuidado a toda a instituição, começando pela área ambulatorial, com atendimentos rotineiros e integrados entre as equipes.”
A fala reforça que o HU-Unifap vive um momento de transição, estruturando novos espaços e fluxos de atendimento culturalmente adequados, alinhados à implantação do futuro Ambulatório Indígena.
Durante a oficina, os profissionais discutem temas essenciais, como especificidades culturais das etnias do Amapá e Norte do Pará, práticas de acolhimento intercultural, protocolos de cuidado hospitalar e estratégias para superar barreiras linguísticas no atendimento.
Outro ponto central da oficina é o diálogo com instituições especializadas em culturas indígenas da Amazônia. Representando o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepe), a antropóloga Juliana Rosalen detalhou a importância de ambientes pensados especialmente para o acolhimento indígena.
“As unidades de saúde precisam criar espaços específicos de acolhimento para garantir que os usuários indígenas sejam atendidos de forma adequada. Esses ambientes devem ser planejados considerando não apenas a estrutura física, mas também sua composição simbólica e cultural, respeitando os saberes tradicionais e a forma como cada povo se relaciona com o cuidado em saúde”, explicou Juliana.
A antropóloga destaca que a construção dessas estratégias envolve identificar quais ambientes são necessários, como serão organizados e quais elementos devem fazer parte desse acolhimento.
“Isso inclui desde a ambientação física, como privacidade, mobiliário adequado e sinalização bilíngue, até a preparação das equipes para compreender práticas, rituais e formas de comunicação próprias de cada comunidade”, pontuou a profissional.
Ela reforça que essas ações estruturam a chegada e o atendimento das pessoas indígenas nos serviços de saúde. “Assim, fortalecemos a confiança no sistema e promovemos um acolhimento verdadeiramente intercultural”, completou.
Para Erika Fernandes, coordenadora da comissão de saúde indígena do Hospital Universitário, a oficina é parte de uma série de ações estratégicas que visam transformar a instituição em referência no atendimento indígena especializado.
“Precisamos identificar com precisão as necessidades dessa população e, para isso, é fundamental romper barreiras e avançar em novos caminhos. Preparar o hospital para essa realidade exige adaptações estruturais, capacitação contínua e um olhar sensível às especificidades culturais dos povos indígenas. Este é apenas o primeiro passo. Diversas etapas vêm sendo construídas ao longo dos últimos meses para chegarmos a este momento, em que hospital e comunidades indígenas avançam juntos na construção de um cuidado verdadeiramente intercultural", explicou Erika.
Entre os participantes, estudantes de medicina também acompanharam a capacitação. Para o acadêmico Luis Henrique Costa, de 20 anos, a experiência contribui diretamente para a formação profissional.
“Entender como funciona o atendimento à população indígena, não apenas no hospital, mas em toda a nossa prática profissional, é fundamental. Essa abordagem multiprofissional amplia nossa visão, porque envolve diferentes áreas trabalhando juntas para oferecer um cuidado completo e sensível às especificidades culturais. Para nós, estudantes, participar desse processo enriquece a formação dentro e fora da sala de aula", disse Costa.
Com a atividade, o Governo do Estado reafirma o compromisso de estruturar uma assistência qualificada, acolhedora e culturalmente adequada às comunidades indígenas atendidas no HU e nas demais unidades da rede. A oficina abre agenda para novas capacitações e ações integradas.
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