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Iepa participa de pesquisa científica internacional sobre a floresta amazônica

Pesquisadores querem que o poder público desenvolva políticas públicas para preservar as espécies.

Por Redação
09/03/2017 09h26

Estudo concentrou em 85 espécies de árvores que foram domesticadas para alimentação, abrigo ou outros usosEstudo concentrou em 85 espécies de árvores que foram domesticadas para alimentação, abrigo ou outros usos

O estudo que começou em 2013 sobre a influência dos povos indígenas na distribuição e domesticação de árvores encontradas atualmente nas florestas Amazônicas, foi publicado na Revista Science e envolve um grupo internacional e interdisciplinar de cientistas, que incluem 53 cientistas brasileiros, sendo dois do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá – IEPA, Marcelo Carim e Renan Guimarães. 

O resultado desse novo estudo revela que antes da chegada dos europeus, os povos indígenas tiveram um papel importante na ampla distribuição e domesticação de árvores encontradas atualmente nas florestas da Amazônia.

“Esta descoberta vem negar fortemente a ideia de que as florestas amazônicas foram intocadas pelo homem”, disse Marcelo Carim, doutor em botânica (ecologia de áreas alagáveis) do Iepa.

O estudo, publicado em 3 de março de 2017, foi liderado por Carolina Levis, doutoranda pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), do Brasil, e pela Wageningen University and Research Center, da Holanda.

A equipe de cientistas chegou a esta descoberta ao sobrepor dados de mais de 1000 inventários florestais da Rede de Diversidade das Árvores da Amazônia (ATDN) com o mapa da localização de mais de 3 mil sítios arqueológicos espalhados por toda a Amazônia.

Ao comparar a composição de espécies em florestas situadas a diferentes distâncias de sítios arqueológicos, suas análises geraram a primeira imagem do grau de influência dos povos pré-colombianos na biodiversidade amazônica atual.

O estudo concentrou em 85 espécies de árvores que foram domesticadas por povos amazônicos para alimentação, abrigo ou outros usos nos últimos milhares de anos. Os pesquisadores descobriram que, em toda a bacia amazônica, essas espécies eram cinco vezes mais comuns em inventários florestais do que as espécies não domesticadas. Dentre essas 85 espécies, incluem-se fruteiras comercializadas mundialmente, como o cacau, castanha-do-Brasil, pupunha e açaí.

Desvendar a complexa interação de fatores históricos, ambientais e ecológicos que estruturam a imensa biodiversidade da flora amazônica é o grande objetivo das pesquisas desenvolvidas pela equipe.  

Para os cientistas, a questão é urgente já que essas heranças deixadas pelos povos pré-colombianos, tanto os sítios arqueológicos como as florestas com espécies domesticadas, estão em risco devido ao crescente desmatamento, degradação, construção de estradas, mineração e outras ameaças.

“Temos cerca de 5 mil espécies de árvores identificadas na Amazônia e se não existir controle efetivo para preservação, até 2050, 50% delas podem ser extintas. Nosso trabalho é mostrar essa biodiversidade amazônica para todo mundo, e fazer os governantes criarem políticas públicas adequadas com base na ciência para manter essa natureza viva para as próximas gerações”, afirmou Marcelo Carim.

Foram várias viagens em campo, para levantar o inventário de espécies de árvores no Amapá, ou seja, árvores identificadas, como o açaí, amplamente domesticadas. O trabalho de campo abrangeu as regiões de Mazagão, Laranjal do Jari, Bailique e foz do Amazonas. As informações foram colocadas na plataforma de dados da Rede de Diversidade das Árvores da Amazônia (ATDN).

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