‘Todos os pacientes com câncer devem ter assistência odontológica’, alerta especialista

De janeiro a setembro deste ano, já foram feitos mais de 50 atendimentos de urgência em pronto atendimento e o número de procedimentos eletivos em estomatologia ultrapassa 1 mil.

Antes de começar o tratamento do câncer existe uma série de cuidados e procedimentos odontológicos que visam prevenir e minimizar complicações ocorridas pela radioterapia e quimioterapia, tais como a xerostomia (secura na boca) e mucosite (a inflamação da parte interna da boca e da garganta). Esses cuidados são feitos por dois especialistas em estomatologia, que fazem o atendimento na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima (Unacon/HCal).

O serviço é ofertado para todos os usuários diagnosticados com câncer, independentemente do tipo da doença, e é realizado antes, durante e depois do tratamento, para evitar ou minimizar complicações orais ocasionadas pela terapi, podendo, inclusive, influenciar no estado de saúde geral do paciente.

Mesmo com a grande importância da especialidade, o serviço ainda é pouco conhecido pelos próprios pacientes, apesar de estar disponibilizado 24 horas e possuir um consultório dentro da Unacon. Segundo o estomatologista Elvys Cunha, os cuidados são direcionados para tratar as consequências ocasionadas pelo tratamento do câncer.

“Durante a quimioterapia, hemorragias, fraturas dentárias, abscessos, infecções por fungo e dores em geral na cavidade oral podem surgir e devem ser atendidas de pronto, por isso a Unacon tem serviço de odontologia também no período noturno, no intuito de evitar complicações em seu tratamento e proporcionar maior conforto ao paciente”, explicou.

No paciente que está fazendo quimioterapia, em alguns casos, o trabalho especializado concentra-se no tratamento de laserterapia na boca, com a finalidade de prevenir a mucosite oral, hipersensibilidade dentária, entre outras, permitindo ao paciente a possibilidade de alimentar-se normalmente bem como combater e tratar infecções oportunistas.

Efeitos tardios da quimioterapia e da radioterapia também são focos de atuação do dentista-estomatologista no âmbito da oncologia. Cáries de radiação, xerostomia (sensação de boca seca), perda de paladar, candidíase, herpes, fraturas ósseas e dentárias, são algumas das complicações que podem aparecer após a terapia oncológica, mesmo em pacientes que não receberam radiação em cabeça e pescoço.

Segundo a estomatologista Ana Rita, o trabalho desenvolvido é reconhecido nacionalmente. “O trabalho que realizamos aqui também é voltado para pesquisas cientificas, devido a isso, tivemos reconhecimento nacional no ano passado, além da publicação de artigos e de um livro recentemente”, comentou.

De janeiro a setembro deste ano, já foram feitos mais de 50 atendimentos de urgência em pronto atendimento e o número de procedimentos eletivos em estomatologia ultrapassa 1 mil, demonstrando a qualidade de seus profissionais e a resolubilidade do serviço.

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