Governo apresenta estudo de impacto do fenômeno “terras caídas” no Amapá
O estudo de prospecção foi apresentado aos representantes de comunidades do Bailique e prevê o impacto ambiental daqui a 25 anos.
Em reunião no Palácio do Setentrião, foi apresentado um trabalho de modelagem para mostrar como vai ficar a costa do Bailique, daqui a 25 anos
Equipes do Governo do Amapá apresentaram aos representantes das comunidades do Arquipélago do Bailique, distrito de Macapá, um estudo de projeção, para daqui há 25 anos, sobre o fenômeno “terras caídas”, que todo o ano castiga a região. O evento natural ocorre em apenas três países: Brasil, Estados Unidos e Japão, segundo os pesquisadores. O estudo foi apresentado em reunião nesta sexta-feira, 23, no Palácio do Setentrião.
Os técnicos alertaram que esse processo pode ser intensificado ou diminuído. E o governo do Estado resolveu se antecipar com o planejamento de ações em relação aos fenômenos naturais, mantendo a população informada de todos os estudos e mostrando como vai ficar a costa do Bailique daqui a 25 anos.
Desde 2015, os órgãos estaduais se empenham em estudos para obter um quadro geral da complexidade do fenômeno “terras caídas” e suas possíveis soluções. Entre elas, está a transferência das comunidades do arquipélago para outro local, porque a região ficará coberta pela água.
Paralelo aos estudos, medidas emergenciais estão sendo estabelecidas com a Defesa Civil Estadual, Gabinete Civil, secretarias de Educação (Seed), Meio Ambiente (Sema), Infraestrutura (Seinf), Comunicação (Secom), Ciência e Tecnologia (Setec), Inclusão e Mobilização Social (Sims), Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa) e Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), para que a vida da população seja resguardada, no Bailique.
Iepa
O diretor de pesquisa do Iepa, Patrick Cantuária, relatou que existem três fatos que ocasionam o fenômeno “terras caídas”, no Bailique. O evento é identificado como correntes: Norte Brasileira, Circulação Natural do Rio e Sentido Contrário. “Essas correntes são intensificadas e diminuídas de acordo com clima que, no caso de 2018, foi intensificado pelo fenômeno La Niña [diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental]”, detalhou.
Cantuária mencionou outros motivos que contribuem para a aceleração desses fenômenos. Ele chamou o “terras caídas” de hidrodinâmica vinda como correntes de vários locais e disse que as regiões atingidas são castigadas por causa da não consolidação do solo. “Ou seja, porque, são mais frágeis e, ainda não se sedimentaram, aumentando o processo de erosão”, complementou.
Defesa Civil
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá (CBM/AP) e coordenador Estadual de Defesa Civil (Cedec/AP), coronel Wagner Coelho, informou que 13 comunidades estão sendo monitoradas no Arquipélago do Bailique. São elas: Igarapé Grande do Curuá, Salmo 21, Limão do Curuá, Itamatatuba, Ilhinha, Foz do Gurijuba, Junco, Andiroba, São Pedro, Franco Grande, Ponte da Esperança, Vila Progresso e Vila Macedônia. Dessas 13 comunidades, sete estão em maior risco: Itamatatuba, São Pedro, Vila Macedônia, Vila Progresso, Igarapé Grande do Curuá, Ilhinha e Boa Esperança.
Equipes do Governo do Amapá estiveram na região, no mês passado, para fazer um levantamento das famílias atingidas pelo fenômeno “terras caídas” e um diagnóstico dos danos causados aos serviços públicos essenciais. O relatório da Cedec, que gerencia os trabalhos, apontou 154 famílias, correspondendo a 715 pessoas.
Desse total, 395 são adultos, 282 crianças e adolescentes e 38 idosos e cinco gestantes. Além do cadastramento por faixa-etária, foi consolidado o relatório fotográfico com georreferenciamento; mapeamento da infraestrutura das passarelas e residências; diagnóstico da estrutura de abastecimento de água potável e de fornecimento de energia elétrica.
“Existem quatro escolas, um posto de saúde, um posto da Caesa, 84 portes de energia elétrica iminentes de queda e 1,5 mil metros de passarelas e 85 metros de pontes danificadas”, elencou o coronel Wagner Coelho.
Caesa
O diretor técnico da Caesa, João Paulo Monteiro, informou que a companhia irá disponibilizar kits de tratamento domiciliar, para atender às famílias carentes que precisam de suporte para o tratamento de água.
Também serão dadas orientações para o uso dos produtos do kit domiciliar que contém, um balde de 50 litros (para o depósito da água bruta); recipientes plásticos (para depositar produtos químicos); sulfato de alumínio (produto químico que possibilita a decantação da sujeira); cal hidratada (que corrige o PH [potencial de hidrogênio] da água); colher dosadora (para a medição dos produtos); hipoclorito de sódio (para combater as bactérias) e paleta de madeira (agitador manual para dissolução dos produtos).
CEA
O gerente do Departamento de Serviço de Distribuição da CEA, Rafael Leite Santos, garantiu que a companhia mantém uma equipe técnica no Bailique, para a manutenção contínua da rede elétrica. E, com base em relatório técnico sobre a erosão, elaborado pelo Iepa, irá projetar novos planos para a rede de distribuição de energia, a fim de estruturar o sistema elétrico.
No entanto, a CEA entende que, em função do avanço da erosão sobre as margens, a solução definitiva para garantir estabilidade ao fornecimento de energia no distrito, é a reconstrução da rede aérea, utilizando tecnologias adequadas para regiões inundáveis e/ou adoção de sistemas alternativos de geração de energia. Isto porque, o fenômeno também vem afetando a distribuição de energia em comunidades ao longo das ilhas que compõem o arquipélago.
Rafael disse, ainda, que estão sendo feitos levantamentos desde o mês passado, nos quais se verificaram pontos mais críticos em torno da Vila Progresso e Macedônia. “Com o último fenômeno, 84 postes de energia elétrica ficaram na iminência de queda. Por causa disso, no período de 25 de fevereiro a 3 de março, uma equipe irá reforçar e trocar de 20 a 30% dos postes”, anunciou.
Terras caídas
Trata-se de um fenômeno natural de erosão da margem fluvial. É o processo de desgaste das margens do rio, causado pelo fluxo de suas águas e pelas fortes chuvas que transportam pedaços de solo - ou de rocha - deteriorados (processo de sedimentação), resultando no deslizamento de terra.
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