Governo destaca importância da inserção dos indígenas no ensino superior
Inserção dos indígenas no ensino superior é considerada essencial para a formação de profissionais que possam atuar diretamente nas comunidades.
Indígenas discutiram a necessidade da ampliação e adaptação das políticas de acesso e permanência nos cursos de ensino superior
As conquistas e os desafios da inclusão de povos indígenas no ensino superior foram discutidos no terceiro dia do I Chamado Internacional dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará, realizado na Universidade Federal do Amapá (Unifap), em Macapá, nesta quarta-feira, 20.
Para o Estado, a inserção dos indígenas no ensino superior é considerada essencial para a formação de profissionais que possam atuar diretamente nas comunidades. “Precisamos formar professores, enfermeiros, e outros profissionais para atuarem diretamente nas suas comunidades, que sejam conhecedores da sua tribo e etnia”, destacou o secretário Extraordinário dos Povos Indígenas (Sepi) do Amapá, Fabiano Maciel.
Durante o encontro discutiu-se a presença dos povos na universidade, tendo como foco a necessidade da ampliação e adaptação das políticas de acesso e permanência dos indígenas aos cursos de graduação e pós-graduação das instituições de ensino superior estaduais e federais.
O antropólogo João Paulo Lima Barreto, da etnia Tukano, falou sobre a importância da abertura de novas vagas para indígenas nas universidades. “Houve um crescimento no número de estudantes indígenas nas faculdades, porque eles saem da aldeia em busca de conhecimento, que, após o término do curso, será levado para a comunidade. É uma junção de universidade e aldeia que enriquece a cultura indígena”, comentou Barreto.
De acordo com o coordenador do curso de licenciatura intercultural indígena do Instituto Federal da Bahia (IFBA), Edson Kayapó, um dos principais desafios a serem superados no Brasil, para a inclusão do indígena nas universidades, é racismo institucional, que trata-se sobre o engavetamento de processos relacionados aos índios. "Temos que deixar claro que oportunizar o ensino superior para indígenas não é esmola, precisamos ter nosso espaço nas instituições", frisou Kayapó.
Oportunidade
No Amapá, a Universidade do Estado do Amapá (Ueap) já oportuniza o ingresso de indígenas nos cursos de ensino superior, através do sistema de cotas. Assim como a Universidade Federal do Amapá (Unifap), que realiza um Processo Seletivo Extraordinário para Indígenas e Quilombolas no campus Binacional de Oiapoque (PSEIQ), visando a implementação de uma política de ingresso voltada aos indígenas, quilombolas e membros de populações tradicionais dentro da instituição.
Programação
O I Chamado Internacional dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará teve início na segunda-feira, 18, e prossegue até sexta-feira, 22, com uma vasta programação que reúne palestras, apresentações culturais, mostra de cinema indígena, exposições fotográficas, mostras de trabalhos acadêmicos, entre outros.
O objetivo é articular os movimentos sociais, comunidades tradicionais e povos originários, em luta dos nove países da Bacia Amazônica (Brasil, Equador, Venezuela, Bolívia, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Colômbia e Peru). O chamado quer aproximar culturas, fortalecer e agregar as lutas de resistência, proporcionar autonomia, justiça social e ambiental, com a participação de 20 povos indígenas, dentre estrangeiros e brasileiros - como as etnias Galibi Marworno; Galibi Kalinã; Karipuna; Waiãpi; Apalaí; Waiana, Tirió e Kaxuyana.
O evento é organizado pela Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp), com coordenação e articulação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e apoio do Governo do Estado do Amapá (GEA). A programação completa pode ser conferida no endereço eletrônico www.even3.com.br/chamado.
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