Expofeira oportuniza geração de renda a mulheres vítimas de escalpelamento
Um exemplo é o estande da Associação de Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento que foi montado no Pavilhão da Economia Solidária
A 51ª Expofeira do Amapá também abre espaço para a solidariedade. Um exemplo é o estande da Associação de Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento que foi montado no Pavilhão da Economia Solidária, para mostrar a sociedade um problema enfrentado por mulheres em toda a Amazônia.
No estande estão sendo expostas perucas de todas as cores, tamanhos e tipos de cabelo. Algumas fotografias nas paredes retratam a luta pelo fim da prática que já fez centenas de vítimas: a desproteção do eixo e hélices do motor de embarcações. No local as mulheres também estão comercializando perucas e recebendo doação de cabelos.
Maria Trindade Gomes, uma das fundadoras e vice-presidente da associação, aos sete anos de idade teve todo o couro cabeludo, sobrancelhas e parte da pele do rosto arrancados violentamente por um motor de embarcação. Hoje ela ajuda outras vítimas com seu trabalho.
“Fazemos perucas para vítimas de escalpelamento e pessoas em tratamento de câncer. Também temos próteses para homens calvos, carecas e para mulheres vaidosas que querem aplicar franja ou mega hair”, divulgou Maria. Os preços variam de R$ 300 a R$ 3 mil. Todo cabelo doado é costurado e colocado em uma tela para variadas finalidades. Para a confecção de uma peruca, por exemplo, são necessários cerca de 7,5 metros de cabelo.
Luta e solidariedade
Maria contou que após o acidente foi abandonada pela família em um hospital militar, em Belém do Pará, onde viveu por oito anos. Depois se mudou para o Amapá e se aliou a outras vítimas que resolveram transformar o trauma e o preconceito em solidariedade.
Até 2007, ano em que a associação foi fundada, o Brasil não tinha conhecimento do escalpelamento em embarcações, acidentes comuns na região amazônica.
Então, durante uma Conferência de Políticas Públicas para as Mulheres, em Brasília, Maria resolveu intervir no meio do evento tirando a peruca. A plateia respondeu com um grande silêncio que durou alguns minutos. “Fiz isso sem nenhuma vergonha. Me expus do jeito que sou sem cabelo, deformada. Virei manchete, mas consegui ajudar outras vítimas com meu exemplo", contou orgulhosa.
O resultado veio em janeiro de 2010 quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei instituindo o dia 28 de agosto como data Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento. A lei prevê multa, apreensão do barco e cancelamento do certificado de habilitação do condutor que não fizer uso da proteção do motor.
Preconceito
O preconceito é outra batalha que as vítimas de escalpelamento enfrentam todos os dias. “Já fui acusada pelo gerente de um restaurante de constranger e enojar clientes com a minha aparência. Fui obrigada a almoçar com o meu filho de três anos em uma sala reservada. Isso me machucou profundamente”, recordou Maria.
Hoje com 44 anos, mãe de nove filhos, sendo seis adotivos, Maria afirmou que conseguiu superar e aceitar sua condição. “Sou muito feliz. Tenho uma família linda e uso minha história e trabalho para fazer o bem ao próximo”, concluiu.
Atualmente a Associação de Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento conta com 140 associadas. Todas recebem apoio psicológico, profissional e passam por processo de ressocialização. Também participam de cursos de produção de perucas, artesanato e corte e costura oferecidos pela entidade como forma de geração de renda e independência econômica.
51ª Expofeira
A 51ª Expofeira do Amapá é uma realização do Governo do Estado e Sebrae. O evento ocorre no Parque de Exposições da Fazendinha, no período de 30 de outubro a 8 de novembro. Da área total de 120 mil metros quadrados, serão ocupados 116 mil. A concepção da 51ª Expofeira é transformá-la em feira de negócios, dando ênfase ao desenvolvimento econômico do estado. Dois eixos estarão em evidência - Produção de Alimentos e Produção Florestal.
Em 2015 o evento conta com o patrocínio do Banco do Brasil, CAIXA, Banco da Amazônia e Sicoob CredEmpresas-AP e apoio da Associação Comercial do Amapá (ACIA), Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e Consórcio Equador
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