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Amapá confirma quatro casos de síndrome de Haff associados ao consumo de pacu

Pescado é de origem de Santarém, no Pará. Governo do Estado instalou a Sala de Situação para monitoramento e determinou a suspensão da venda e consumo da espécie.

Por Redação
08/10/2021 16h00

A coletiva ocorreu na SVS e reuniu órgãos da Sala de Situação

O Governo do Amapá divulgou em coletiva de imprensa, nesta sexta-feira, 8, os resultados de investigação clínica, laboratorial e epidemiológica que confirmaram quatro casos de Síndrome de Haff, doença conhecida popularmente como “urina preta”.

De acordo com a Sala de Situação, implantada pelo Estado para monitoramento, as intoxicações são associadas a uma única espécie de pescado: o pacu. Outros dois casos suspeitos seguem em investigação.

Todos os casos em rastreamento estão associados ao pescado que foi comprado no Igarapé da Fortaleza, em Santana, mas o produto é originário de Santarém, no Pará. Os pacientes de casos confirmados e suspeitos estão internados na rede de saúde pública do Estado. Um deles já recebeu alta.

“São casos pontuais e restritos ao município de Santana, em uma espécie específica de peixe, que é o pacu. Por isso, não é necessário um alarde da população, a Sala de Situação continuará fazendo acompanhamento e monitoramento, já identificamos a origem do peixe e quem o comercializou e todas as providências estão sendo tomadas, é muito importante que as pessoas fiquem tranquilas, está sendo suspensa de forma temporária o consumo e venda do peixe da espécie pacu, os demais podem ser consumidos e comercializados normalmente”, afirmou o superintendente de Vigilância em Saúde do Amapá, Dorinaldo Malafaia.

A Sala de Situação criada para acompanhar casos suspeitos da Síndrome de Haff no Amapá é formada pelo Gabinete do Governador, Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), Universidade do Estado do Amapá, (UEAP), Defesa Civil, Procuradoria Geral, Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado do Amapá (Diagro), Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá, além das Secretarias de Estado de Saúde (SESA), de Desenvolvimento Rural (SDR), de Mobilização e Inclusão Social (SIMS) e de Comunicação (SECOM).

Nota técnica

Ainda durante a coletiva, a SVS emitiu a nota técnica nº02/2021 que orienta sobre a notificação, investigação, caracterização dos sintomas e dos procedimentos para coleta e encaminhamento das amostras, a nota é para orientar todos os profissionais de saúde do estado e está disponível no site da superintendência, no link: https://editor.amapa.gov.br/arquivos_portais/publicacoes/SVS_fca11b6b8b2f124b5115415085a57dcf.pdf

Na nota, também está disponível um link para ficha, produzida pelos técnicos do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) da SVS, de notificação específica para esta doença, se necessário o profissional de saúde pode entrar em contato pelo número (96) 98414-8879 (plantão do CIEVS).

Síndrome de Haff

A doença de Haff é uma doença rara, os primeiros registros científicos apontam que surgiu em 1924, entretanto pouco se sabe por que o peixe de algumas espécies, como pacu, desenvolve a toxina em seu organismo que causa a doença em humanos, ela sempre é registrada de forma repentina, alguns sintomas são a ruptura das células musculares, o que leva ao aparecimento de alguns sinais e sintomas como dor e rigidez muscular, dormência, falta de ar e urina preta, semelhante a café.

A professora do curso de engenharia de Pesca da Universidade Estadual do Amapá (UEAP) e mestre em Biologia Marinha, Suelen Pereira, explicou durante a coletiva, algumas características da doença e tranquilizou a população por se tratar de casos pontuais e raros.

“Se trata de uma doença rara e não é transmissível, todos os casos foram do produto que veio de fora e da espécie pacu, por isso, temos a segurança de afirmar que os peixes produzidos aqui no estado e os que são oriundos de cativeiro não há problema. É necessário ressaltar que a sintomatologia da síndrome acontece, no máximo, em 24 horas, se começou a sentir dor muscular, urina escura e outros sintomas procure imediatamente atendimento médico, quando tratada de forma rápida a letalidade é mínima para essa doença”, afirmou a especialista.

Suspensão do peixe pacu

Diante dos casos, a Sala de Situação determinou a suspensão da venda e consumo da espécie pacu em todo o estado. A ação integrada entre várias instituições ligadas à segurança pública, vigilância em saúde e controle, iniciou uma força-tarefa para cumprimento da medida.

A Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado do Amapá (Diagro) já iniciou o processo de fiscalização e conscientização dos empresários para que o peixe da espécie pacu não seja comercializada, está sendo dialogado também com órgãos de outros estados, como Pará, para que não permita que este peixe chegue no Amapá e os que já estão em território amapaense não podem ser comercializados.

“A fiscalização dos portos já é feita, agora vamos intensificar com a fiscalização volante, trabalhamos em conjunto com a marinha que monitora as embarcações e assim vamos ter o controle da entrada da espécie pacu, também fizemos o comunicado oficial com órgãos de outros estados para que eles também possam fazer esse monitoramento”, afirmou o diretor-presidente da Diagro, Álvaro Cavalcante.

Assistência Social

A Secretaria de Mobilização e Assistência Social (SIMS) está elaborando um estudo, de forma conjunta com todos os órgãos da Sala de Situação, para compreender a dimensão do impacto que a suspensão da comercialização do pacu pode causar nos comerciantes.

“Vamos ter um diagnóstico completo do impacto econômico e social causado, principalmente para os pequenos empreendedores, é importante que se diga que a secretaria trabalha com a assistência para os mais necessitados, ficamos à disposição da população, mas temos certeza que vamos controlar a situação”, afirmou secretária adjunta de Política Social, Marcete Fereira.

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