Amapá confirma quatro casos de síndrome de Haff associados ao consumo de pacu
Pescado é de origem de Santarém, no Pará. Governo do Estado instalou a Sala de Situação para monitoramento e determinou a suspensão da venda e consumo da espécie.
A coletiva ocorreu na SVS e reuniu órgãos da Sala de Situação
O Governo do Amapá divulgou em coletiva de imprensa, nesta sexta-feira, 8, os resultados de investigação clínica, laboratorial e epidemiológica que confirmaram quatro casos de Síndrome de Haff, doença conhecida popularmente como “urina preta”.
De acordo com a Sala de Situação, implantada pelo Estado para monitoramento, as intoxicações são associadas a uma única espécie de pescado: o pacu. Outros dois casos suspeitos seguem em investigação.
Todos os casos em rastreamento estão associados ao pescado que foi comprado no Igarapé da Fortaleza, em Santana, mas o produto é originário de Santarém, no Pará. Os pacientes de casos confirmados e suspeitos estão internados na rede de saúde pública do Estado. Um deles já recebeu alta.
“São casos pontuais e restritos ao município de Santana, em uma espécie específica de peixe, que é o pacu. Por isso, não é necessário um alarde da população, a Sala de Situação continuará fazendo acompanhamento e monitoramento, já identificamos a origem do peixe e quem o comercializou e todas as providências estão sendo tomadas, é muito importante que as pessoas fiquem tranquilas, está sendo suspensa de forma temporária o consumo e venda do peixe da espécie pacu, os demais podem ser consumidos e comercializados normalmente”, afirmou o superintendente de Vigilância em Saúde do Amapá, Dorinaldo Malafaia.
A Sala de Situação criada para acompanhar casos suspeitos da Síndrome de Haff no Amapá é formada pelo Gabinete do Governador, Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), Universidade do Estado do Amapá, (UEAP), Defesa Civil, Procuradoria Geral, Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado do Amapá (Diagro), Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá, além das Secretarias de Estado de Saúde (SESA), de Desenvolvimento Rural (SDR), de Mobilização e Inclusão Social (SIMS) e de Comunicação (SECOM).
Nota técnica
Ainda durante a coletiva, a SVS emitiu a nota técnica nº02/2021 que orienta sobre a notificação, investigação, caracterização dos sintomas e dos procedimentos para coleta e encaminhamento das amostras, a nota é para orientar todos os profissionais de saúde do estado e está disponível no site da superintendência, no link: https://editor.amapa.gov.br/arquivos_portais/publicacoes/SVS_fca11b6b8b2f124b5115415085a57dcf.pdf.
Na nota, também está disponível um link para ficha, produzida pelos técnicos do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) da SVS, de notificação específica para esta doença, se necessário o profissional de saúde pode entrar em contato pelo número (96) 98414-8879 (plantão do CIEVS).
Síndrome de Haff
A doença de Haff é uma doença rara, os primeiros registros científicos apontam que surgiu em 1924, entretanto pouco se sabe por que o peixe de algumas espécies, como pacu, desenvolve a toxina em seu organismo que causa a doença em humanos, ela sempre é registrada de forma repentina, alguns sintomas são a ruptura das células musculares, o que leva ao aparecimento de alguns sinais e sintomas como dor e rigidez muscular, dormência, falta de ar e urina preta, semelhante a café.
A professora do curso de engenharia de Pesca da Universidade Estadual do Amapá (UEAP) e mestre em Biologia Marinha, Suelen Pereira, explicou durante a coletiva, algumas características da doença e tranquilizou a população por se tratar de casos pontuais e raros.
“Se trata de uma doença rara e não é transmissível, todos os casos foram do produto que veio de fora e da espécie pacu, por isso, temos a segurança de afirmar que os peixes produzidos aqui no estado e os que são oriundos de cativeiro não há problema. É necessário ressaltar que a sintomatologia da síndrome acontece, no máximo, em 24 horas, se começou a sentir dor muscular, urina escura e outros sintomas procure imediatamente atendimento médico, quando tratada de forma rápida a letalidade é mínima para essa doença”, afirmou a especialista.
Suspensão do peixe pacu
Diante dos casos, a Sala de Situação determinou a suspensão da venda e consumo da espécie pacu em todo o estado. A ação integrada entre várias instituições ligadas à segurança pública, vigilância em saúde e controle, iniciou uma força-tarefa para cumprimento da medida.
A Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado do Amapá (Diagro) já iniciou o processo de fiscalização e conscientização dos empresários para que o peixe da espécie pacu não seja comercializada, está sendo dialogado também com órgãos de outros estados, como Pará, para que não permita que este peixe chegue no Amapá e os que já estão em território amapaense não podem ser comercializados.
“A fiscalização dos portos já é feita, agora vamos intensificar com a fiscalização volante, trabalhamos em conjunto com a marinha que monitora as embarcações e assim vamos ter o controle da entrada da espécie pacu, também fizemos o comunicado oficial com órgãos de outros estados para que eles também possam fazer esse monitoramento”, afirmou o diretor-presidente da Diagro, Álvaro Cavalcante.
Assistência Social
A Secretaria de Mobilização e Assistência Social (SIMS) está elaborando um estudo, de forma conjunta com todos os órgãos da Sala de Situação, para compreender a dimensão do impacto que a suspensão da comercialização do pacu pode causar nos comerciantes.
“Vamos ter um diagnóstico completo do impacto econômico e social causado, principalmente para os pequenos empreendedores, é importante que se diga que a secretaria trabalha com a assistência para os mais necessitados, ficamos à disposição da população, mas temos certeza que vamos controlar a situação”, afirmou secretária adjunta de Política Social, Marcete Fereira.
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