Agência de Notícias do Amapá
portal.ap.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
LOCALIDADES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A

Em reencontro após dois anos, grupos fazem a abertura oficial do Ciclo do Marabaixo 2022

As caixas rufaram na Residência Oficial, área de onde os negros foram transferidos há mais de 70 anos

Por Gabriel Penha
13/04/2022 23h27

Diferentes gerações de marabaixeiros se encontraram na abertura do Ciclo do Marabaixo 2022

“Hoje é um dia histórico, quando os negros dançam marabaixo no lugar de onde um dia nossos antepassados foram mandados embora”.

A frase dita por Valdinete Costa, representante do grupo Berço do Marabaixo, fazendo referência à Residência Oficial, onde na noite desta quarta-feira, 13, aconteceu a abertura oficial do Ciclo do Marabaixo 2022, realizado com apoio do Governo do Amapá.

Conta a história que o então governador Janary Gentil Nunes (1912-1984) transferiu negros que habitavam a área onde hoje é o Centro de Macapá, para a construção de prédios como a própria Residência. Dali, tiveram origens os bairros do Laguinho e Favela (Santa Rita) e esse fato deu origem ao famoso ladrão (verso de marabaixo) “Aonde tu vai, rapaz, por esses caminhos sozinho? Vou fazer a minha morada, lá nos campos do Laguinho”.

Passados mais de 70 anos do episódio, a comunidade negra fez o caminho inverso. Os cinco grupos que realizam o Ciclo do Marabaixo, Raízes da Favela, Berço do Marabaixo, Marabaixo do Pavão, Raimundo Ladislau e Campina Grande, se reuniram em uma solenidade que marca a abertura do primeiro evento presencial após dois anos apenas pela internet, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.

As boas vindas foram dadas pelos secretários Joel Nascimento Borges (Seafro), Sâmylla Rocha (Juventude), Cléverson Baía (Cultura), Evandro Milhomem (assessor de Governo), que representou o governador Waldez Góes e vereador de Macapá, Dudu Tavares. O secretário da Secult, Cléverson Baía aproveitou para destacar o fortalecimento da cultura nos últimos anos, com a democratização do acesso aos recursos pelos artistas, através da política de editais.

“Com os editais da Lei Aldir Blanc, o Estado, através da Secretaria de Cultura, fomentou e premiou nossos artistas, garantindo fortalecimento dos diferentes segmentos culturais. Esse fortalecimento inclui também o marabaixo, nossa maior identidade cultural”, disse Baía.

Já o secretário da Seafro, Joel Borges, destacou a transformação da secretaria extraordinária em fundação, através da Lei 2.560. A criação da nova entidade já foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), do último dia 2 de abril; a contar da data de publicação, a extinção da Seafro e a implantação da Fundação Marabaixo deve acontecer no prazo de até 180 dias.

“A nova fundação terá como missão a formulação e coordenação de políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade racial. Mas também terá como missão apoiar e valorizar a cultura negra, com toda sua peculiaridade. Tudo isso com autonomia administrativa e financeira. Sem dúvida, é a maior conquista para a comunidade negra amapaense”, ponderou Borges.

Após os discursos oficiais, as caixas rufaram. Os cinco grupos fizeram uma apresentação conjunta, chamada por eles de “marabaixão”, fusão das palavras “marabaixo” e “união”. O evento foi encerrado ao som da banda Afro Brasil, que mistura o marabaixo a outros ritmos.

A programação nos barracões inicia no próximo sábado, 16 de abril e segue até o dia 19 de junho. O Governo do Estado garantiu  R$ 110 mil para o Ciclo do Marabaixo 2022, valor que será dividido igualmente entre os grupos realizadores. A divisão do repasse é feita pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

Fique por dentro das notícias do Governo do Amapá no ==> Instagram e Facebook.
Tá no ZAP ==> Entre no grupo de WhatsApp e receba notícias em primeira mão aqui!