1ª Folia Literária Internacional do Amapá: ‘Esse estado é uma pequena joia no Brasil’, diz poeta Salgado Maranhão
Evento vai reunir escritores do Brasil e do mundo para enriquecer o cenário literário e artístico do Amapá, a partir de sexta-feira, 27.
O poeta maranhense Salgado Maranhão enriquece o cenário artístico brasileiro
Dono de uma trajetória que transcende fronteiras culturais e enriquece o cenário artístico brasileiro, o poeta e compositor maranhense Salgado Maranhão é um dos nomes confirmados na 1ª Folia Literária Internacional do Amapá, promovida pelo Governo do Estado, a partir desta sexta-feira, 27.
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As obras do autor poderão ser apreciadas no evento que vai reunir escritores do Brasil e do mundo até domingo, 29, no Parque do Forte, na orla de Macapá. O artista vai apresentar para os amapaenses sua trajetória, seus trabalhos e parcerias musicais, além de tirar dúvidas das pessoas a respeito de como se dá o processo de composição.
Com mais de 40 anos de carreira, Salgado Maranhão, hoje, é conferencista e, nos últimos 15 anos, já apresentou sua arte em mais de 100 universidades americanas. O poeta tem mais de cinco livros traduzidos nos Estados Unidos e também viaja pela Europa fazendo conferências literárias.
Salgado Maranhão já esteve no Amapá em outras oportunidades em que pôde conhecer a cultura do estado amazônico. As singularidades amapaenses lhe causaram admiração desde que pisou em solo tucuju pela primeira vez.
"Esse estado é uma pequena jóia no Brasil! As pessoas, a cidade, a topografia, no Marco Zero do Equador. A população ainda é pequena em termos de número, mas tem muita qualidade. Minha paixão pela cidade de Macapá vem desde a primeira vez que eu estive aqui na década de 80. Eu amo esse lugar, que tem um povo extremamente receptivo, carinhoso e sempre pensei em fazer alguma coisa aqui”, conta Maranhão.Para o escritor, o Amapá tem alcançado cada vez mais visibilidade no cenário nacional, em diversos segmentos, e há espaço para ampliar o desenvolvimento cultural.
“O Amapá tem conquistado mais espaço político e, dessa vez, eu tenho a oportunidade de colaborar com a cultura desse estado. Qualquer sociedade tem que iniciar pela cultura. Quem não valoriza o livro, anda pra trás. A Folia vai oportunizar o encontro de escritores e a população vai ter contato com livros de forma livre e acessível, num ambiente aberto, num lugar público e muito conhecido da cidade. Creio que as pessoas vão gostar e perceber que a cultura do livro, não é chata, se você lê, você faz a diferença em qualquer profissão”, finalizou Maranhão.
Trajetória
Nascido em Caxias, no Maranhão, o poeta teve seu primeiro contato com a literatura de cordel ainda na infância. Sua paixão pela poesia e, em particular, pela obra de Fernando Pessoa, moldou o seu destino. Na adolescência, mudou com a família para Teresina e começou a frequentar a biblioteca local, dedicando às noites à criação poética e à escrita de uma coluna para o jornal da cidade.
Com apenas 19 anos, Salgado Maranhão foi buscar reconhecimento no Rio de Janeiro, onde iniciou o curso superior de comunicação, que abandonou depois para ensinar a arte marcial chinesa ‘tai chi chuan’.
O poeta floresceu no movimento chamado poesia marginal, nas cidades brasileiras nos anos 70. Seus primeiros poemas em livro foram publicados na antologia ‘Ebulição da escrita: treze poemas impossíveis’, o que lhe rendeu reconhecimento crítico e midiático.
Em 1998, Salgado Maranhão recebeu o prestigiado Prêmio Ribeiro Couto, da União Brasileira dos Escritores. No mesmo ano, publicou "Mural de ventos", que conquistou o Prêmio Jabuti em 1999. Sua influência na cena musical brasileira também é notável. Ele se consagrou por seu trabalho com músicos renomados, como Ivan Lins, Elton Medeiros, Zeca Baleiro, Moacir Luz e outros.
Conheça um pouco da arte de Salgado Maranhão:
Ladainha
Não secarás as raízes
do teu sopro
no abismo da noite púrpura;
não seguirás o fantasma
que atravessa os trilhos;
não cantarás aos muros de arrimo
tua fantasia de pássaro.
Escarpado é o chão
dos teus sapatos;
escarpado é o azul
rabiscado de estrelas;
escarpada é a rima
que lateja a alegoria
da palavra.
Cidade Literária
Além de Salgado Maranhão, o escritor José Inácio Vieira de Melo, que também é curador do evento, apresentará sua arte. Para ele, a proposta da Folia é mostrar que o centro de tudo é a literatura, incluindo outras várias linguagens que dialogam com ela, como a dança, a música, as artes plásticas, a fotografia e o artesanato.
“Esse é um evento feito para a população do Amapá, para levar a literatura para as crianças, adolescentes, jovens, adultos e pessoas de mais idade porque só o conhecimento liberta. Só por meio da leitura e da educação a gente cresce, quem tem conhecimento, tem compreensão, onde há compreensão, não há guerra", disse Melo.O poeta e compositor Joãozinho Gomes, que nasceu no Pará, mas vive no Amapá há 32 anos, é outra presença confirmada no encontro. Ele tem um extenso trabalho literário musical com vários compositores do Brasil inteiro e uma grande obra dedicada ao estado com parceiros como Amadeu Cavalcante, Zé Miguel, Val Milhomem e Enrico di Miceli.
Gomes é autor da música que é um verdadeiro hino, que é 'Jeito Tucuju', composta em parceria com Val Milhomem. Ele destacou que a Folia Literária é uma grande oportunidade de se construir memórias.
“A base cultural deve começar desde cedo porque a cultura, as artes, não têm nada que não seja bom. Uma das funções da Folia é proporcionar às crianças momentos que nunca mais vão esquecer, e o que acontecer aí, são setas que indicam caminhos maravilhosos para a formação de um ser humano”, reflete Gomes.
1ª Folia Literária Internacional do Amapá
A Folia Literária Internacional do Amapá é realizada em parceria com as Organizações Culturais da Amazônia (OCA Produções), com o apoio dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Com mais de 20 boxes e 2 barracões, o Estado montou uma "Cidade Literária" ao lado da Fortaleza de São José de Macapá, para receber espaços culturais onde serão abordadas as diversas formas de expressão do segmento literário e artístico. A programação integra o plano de gestão do Governo do Amapá e terá saraus, intervenções culturais, oficinas, palestras e piqueniques até domingo, 29, Dia Nacional do Livro.
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