1ª Folia Literária do Amapá aborda a circulação de obras nacionais e internacionais na região amazônica

Encontro de poetas e o público foi na 'Cidade Literária' montada no Parque do Forte, em Macapá

A 1ª Folia Literária Internacional do Amapá abriu espaço para o debate sobre as obras literárias produzidas no Brasil e fora dele e como a população tem acesso a essas produções. O encontro de poetas e o público que foi à "Cidade Literária" montada no Parque do Forte, em Macapá, aconteceu no barracão das Multivozes Araçy Mont’ Alverne, na sexta-feira, 27.

Com o tema "Literatura: entre o local, o nacional e o global", o professor José Luís Jobim, da Universidade Federal Fluminense (UFF) do Rio de Janeiro, e a poeta amapaense Pat Andrade, falaram sobre a poesia nacional e internacional e até que ponto esses textos literários têm limitações de circulação na Região Amazônica.

"Esse é um espaço muito importante para a literatura do Amapá, para a visibilidade dos autores e para fazer chegar ao público o que é produzido aqui no estado. É uma grande oportunidade pra gente comercializar nossos livros e também é uma forma de valorizar a literatura regional, porque nós temos grandes potências que merecem ser vistas”, disse a poeta urbana, Pat Andrade.

O professor José Luís Jobim fez reflexões sobre textos literários nacionais e internacionais e a dificuldade de tradução e acessibilidade por parte dos leitores.

"Se você tem, como é hoje o caso aqui, uma direção de sentido mais comunitário, trabalhando em conjunto e que considera que a cultura e a literatura são elementos importantes para a construção de uma cidadania, para a melhoria da vida da população ao tratar de si própria e poder refletir sobre si próprio nos textos que lê, então o resultado é altamente positivo", destacou Jobim.

A mediação do debate ficou por conta do professor da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Yurgel Caldas, que também é um dos curadores da Folia. Ele ressaltou que o momento cultural com ampla abordagem da literatura, a coloca ao alcance de todos, independente do local.

"A Folia Literária é um projeto ousado que já está se realizando no primeiro ano desse novo governo, envolvendo estudantes do ensino médio e infantil e a intenção da curadoria foi exatamente essa, tentar pensar numa programação que pudesse abarcar diferentes faixas etárias e vários públicos. É fundamental tirar aquela ideia de que a nossa literatura é só para acadêmicos e professores. A literatura não é um objeto que circula só na academia, ela pode chegar em qualquer lugar, inclusive num parque, às margens do Rio Amazonas", pontuou Caldas.

A poeta, editora, doutora em estudos literários pela UFF e indígena do povo Makuxi, Sony Ferseck, veio do estado de Roraima para participar da Folia Literária Internacional do Amapá. Ela falou um pouco da visão que ainda predomina sobre a literatura e a poesia indígena.

"Eventos como esse que trazem a literatura indígena estão tentando quebrar essa imagem de que os povos indígenas não têm escrita, não têm poesia, não têm literatura. Afinal a gente já está aqui desde antes de 1,5 mil proferindo palavras de cura, cantando e escrevendo. Fico feliz de estar aqui hoje, saindo desse silenciamento. Essa questão da circulação literária nacional também tem que ser a partir dos povos originários", finalizou Sony.

1ª Folia Literária Internacional do Amapá

Essa é a primeira programação voltada para a valorização da literatura, do livro e da leitura em 10 anos no Amapá. A feira integra o plano de gestão do Governo do Amapá e é realizada em parceria com as Organizações Culturais da Amazônia (OCA Produções), com o apoio dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AP).

A primeira edição homenageia os escritores e poetas Ivo Torres e Alcy Araújo (in memoriam). São 54 artistas amapaenses, e 14 artistas de outros estados e países, como São Paulo, Alagoas, Amazonas, Roraima, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul, e Guiana Francesa e Índia.

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