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Escritora indiana compartilha trajetória e poesias na 1ª Folia Literária Internacional do Amapá

Shelly Bhoil passeia por temas como imigração, maternidade, violência contra mulher e culturas de diferentes países.

Por Luan Rodrigues
29/10/2023 09h13

Além de publicar poesias autorais, a escritora traduz poesias tibetanas para outras línguas

Uma das atrações da 1ª Folia Literária Internacional do Amapá, a poeta indiana Shelly Bhoil compartilhou com o público amapaense um pouco do seu trabalho, que aborda, principalmente, temas como maternidade, imigração e violência contra a mulher. O debate aconteceu no sábado, 28, no Barracão Aracy Mont'alverne, no Parque do Forte, em Macapá. 

Bhoil fez parte da mesa intitulada "Literatura Internacional", que, além da autora, contou com a participação do professor de francês Olaci Carvalho, da Universidade Federal do Amapá (Unifap). A escritora já mora há alguns anos no Brasil e se mudou para acompanhar o marido, que começou a trabalhar no país. No bate-papo, ela relatou a experiência proporcionada pelas mudanças culturais.

"Tive dificuldades no começo, acabei deixando pra trás o contato com meus pais e meu trabalho, mas quando aceitei de vez, que meu endereço era aqui, comecei a aproveitar as coisas boas desse país. Ter contato com poesia daqui foi fundamental para eu aprender um pouco mais da língua portuguesa", contou a escritora, que ainda está em fase de adaptação com o idioma. 

Além de escrever suas poesias, Bhoil segue uma missão de traduzir poesias tibetanas para outras línguas, como o próprio português. A escritora cresceu em uma aldeia próxima a Dharamsala, considerada a capital do exílio do povo do Tibete, forçado a sair de seu território natal em 1959, por conta da ocupação chinesa na região. O contato próximo com essa cultura despertou nela o interesse de conhecer a poesia e o estilo de vida do povo.

"Esse é aquele tipo de trabalho que traz significado para as nossas vidas, muitas pessoas conhecem a história do Tibete apenas pelo budismo e Dalai Lama, mas também há toda uma história de resistência desse povo", refletiu Bhoil.

Encantada com a cultura amapaense durante a sua vinda para a Folia Literária, a poeta esteve entre as espectadoras da mesa anterior, 'Povos indígenas: literatura e a questão climática'. Inspirada pela discussão do debate, cogitou futuramente fazer traduções de músicas indígenas para outros idiomas, a exemplo das traduções realizadas por ela das poesias tibetanas.

A autora tem doutorado em Estudos Literários pela Punjab University, Índia. Autora do livro ‘An Ember from Her Pyre’ (Índia, 2016) e ‘Poemas em Construcción’ (Colômbia, 2023), além de outras obras de relevância internacional. Em 2016, recebeu menção honrosa no Concurso Nacional de Poesia da Índia e ficou em terceiro lugar no Rabindranath Tagore, Concurso Internacional de Poesia.

Compartilhando histórias

A literatura tem o poder de encurtar as distâncias através das palavras e a 1ª Folia Literária proporcionou aos a amapaenses a oportunidade de conhecer ainda mais escritores locais, de outras partes do Brasil e de outros países, em uma experiência única.

A estudante de jornalismo Agnes Matilda aproveitou a oportunidade para comprar o livro 'Preposição de entendimento', com uma dedicatória da escritora indiana. 

"Tenho uma curiosidade de conhecer realidades, além do que a gente vê cotidianamente. E ter contato com a Shelly nessa mesa foi enriquecedor, tanto sobre o lado dela como autora, mas também como pessoa. Eu acho que ao abrir esse livro, eu vou encontrar muita sensibilidade e também ampliar um pouco mais os meus conhecimentos culturais", comentou a estudante.

Literatura na língua francesa 

Compôs também a mesa o professor de francês da Unifap, Olaci de Carvalho, que também falou um pouco de literatura internacional, mas tratando de sua tese de doutorado sobre a literatura na língua francesa, feita em países africanos. Mais precisamente a obra do escritor da Costa do Marfim, Ahmadou Kourouma.

"Misturando o francês, idioma do colonizador de seu país, com a sua língua nativa, o malinké, esse escritor nos dá um exemplo de como resistir através do falar, atingindo aquela que seria a língua teoricamente considerada superior", pontuou o professor.

1ª Folia Literária Internacional do Amapá

A Folia segue trazendo muita cultura e conhecimento às margens do Rio Amazonas, no Parque do Forte em Macapá, até o dia 29. O evento marca a volta, depois de 10 anos, de grandes festivais que celebram a literatura no Amapá. 

A feira integra o plano de gestão do Governo do Amapá e é realizada em parceria com as Organizações Culturais da Amazônia (OCA Produções), com o apoio dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

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