Ritmo e poesia do rap impactam público da 1ª Folia Literária Internacional do Amapá

Show do grupo C.R.G.V contou com intervenção do poeta Enpretiadu

Com a poesia urbana nas batidas do hip hop, as letras de rap contam a realidade do povo que vive às margens da sociedade. Essa é a filosofia que os grupos C.R.G.V e Função Real carregam desde as suas origens, nas periferias de Macapá, e que procuraram trazer, neste sábado, 28, na 1ª Folia Literária Internacional do Amapá.

Apesar de não ter origem nessa sigla, muitos membros da comunidade do rap gostam de associar o nome desse gênero musical à frase em inglês, 'Rhythm And Poetry', que, na tradução livre em português, é "Ritmo e Poesia".

Com letras que retratam a realidade de maneira explícita, o rap, além de carregar em si a poesia, na arte de usar as palavras e as rimas, também tem a função de contar histórias que, muitas vezes, não são mostradas para o grande público.

Sid é integrante do C.R.G.V. Ele conta que sempre acreditou nesse poder dentro da sua música, mas procurando em todo momento trazer uma identidade amapaense em cada letra.

"Sempre buscamos trazer as gírias, os personagens, as histórias que nós vivenciamos e que observamos dentro da nossa realidade, das nossas quebradas e daqui do Amapá”, disse o rapper.

C.R.G.V significa "Clã Revolucionário Guerrilha Verbal". O grupo surgiu em 1999, e é considerado um dos primeiros grupos de rap do Amapá, formado por Sid Castillo, Jorge Poca, Emerson Aquino e o DJ Érrijay,

A banda nasceu com o intuito de revolucionar através das ideias, como o próprio nome já diz, nas áreas chamadas popularmente como 'baixadas', no bairro Jesus de Nazaré, na capital. 

"Nossas armas são as palavras", pontua Sid.

Revolução essa que alcançou muitos jovens, como José Simão, de 21 anos, que subiu no palco sob seu nome artístico, 'Enpretiadu'. O artista apresentou sua poesia e seu rap, juntamente com aqueles que o inspiraram a seguir nesse caminho. 

“São os 'mestrões' que escuto desde sempre, que ajudaram a ser o que eu sou e como eu penso e também como eu faço as minhas críticas e as minhas letras também e, hoje, ver que existe um reconhecimento mútuo pelo trabalho um do outro, é simplesmente surreal”, contou Enpretiadu.

O C.R.G.V esteve longe dos palcos durante quase quatro anos, e a Folia Literária marcou esse retorno, que pretende gerar ainda mais projetos, como um álbum planejado para o futuro. E para o grupo, estar presente neste evento, é uma maneira de atingir novos públicos e ocupar um espaço que antes era impensável, por conta de todo o preconceito que o movimento do hip hop sofreu no passado, e que, hoje, começa a diminuir. 

Outro grupo histórico que teve essa oportunidade, foi o Função Real, formado pelos rappers GB e Garrote, em 2004, na Coreia, zona periférica do bairro Nova Esperança, em Macapá. As letras do grupo procuram, além de trazer a realidade registrado por cada um, transmitir uma positividade para a população que vive nas periferias.

“A nossa mensagem carrega um resgate, procura trazer autoestima. Jamais a gente vai usar a poesia dentro da nossa música para instigar as pessoas a fazer alguma coisa de errado. É justamente para quando um garoto ver um perigo, ele saber que o perigo tá ali e tentar desviar desse caminho, trilhando um outro que traga um futuro melhor”, explicou Garrote. 

1ª Folia Literária Internacional do Amapá

A Folia segue trazendo muita cultura e inspirações por meio das palavras, às margens do Rio Amazonas, no Parque do Forte em Macapá, até o dia 29. O evento marca a volta, depois de 10 anos, de grandes festivais que celebram a literatura no Amapá. 

A feira integra o plano de gestão do Governo do Amapá e é realizada em parceria com as Organizações Culturais da Amazônia (OCA Produções), com o apoio dos senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AP).

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