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'Nunca é tarde, nada é impossível', diz bombeira do Amapá ao ser a única mulher a concluir curso de mergulho de resgate

Curso de Mergulho Autônomo aconteceu durante 45 dias em Pernambuco e contou com a participação de 14 militares de três estados do Brasil.

Por Marcelle Corrêa
20/11/2023 07h00

Sargento Samantha, a única bombeiro feminina na turma e a primeira mulher a concluir o treinamento

Mãe, filha, militar, obstinada e pioneira. Esses são alguns dos atributos da sargento do Corpo de Bombeiros Militar (CBM-AP), Samantha Amaral, que participou do Curso de Mergulho Autônomo, realizado pela corporação de Pernambuco.

Foram 45 dias intensos de treinamento. Além de ser a única bombeiro feminina na turma formada por 14 militares, foi a segunda mulher amapaense a concluir o treinamento em mergulho de resgate.

Samantha conta que no início sentiu o peso da responsabilidade de representar o estado no curso, mas a vontade de ser exemplo para outras mulheres, para a mãe e para seus filhos foi a maior motivação, e a conquista veio!

"Eu queria mostrar a força, a garra e o profissionalismo das mulheres, principalmente de uma amapaense. A sensação da conquista é só de querer que outras, assim como eu, consigam realizar seus sonhos, sejam eles em cursos ou em qualquer outra área. Só quero que homens e mulheres saibam que nunca é tarde, e nada é impossível", disse emocionada.

E o curso, um dos mais complexos da Segurança Pública no quesito mergulho em profundidade, foi um sonho realizado para a bombeira. De acordo com a militar, desde que entrou para a corporação, há 10 anos, essa era uma meta pessoal e profissional.

Samantha não esconde a empolgação nas palavras e o entusiamo que tem pelo mergulho. "Adoro o mergulho, amo minha profissão e procuro ser boa no que faço pra atender a quem precisa", disse Samantha.

Saudades de casa

Samantha é mãe de três filhos. A Flávia, de 18 anos, a Camila, de 6 anos, e o caçula, Samuel de 4 anos. Antes mesmo de ir para Pernambuco, a luta da militar já iniciou aqui, tendo que administrar a logística de como os filhos ficariam sem ela em Macapá, durante o curso. A profissional contou com uma rede de apoio de confiança: os pais dela.

 

Durante os mais de 40 dias em que esteve em treinamento, ela conta que não foi a dor física que a fez chorar, mas sim, a saudade de casa, dos pais e, claro, dos filhos.

"Conseguir administrar minha vida lá e meus filhos que ficaram aqui no Amapá, senti muita saudade. Estar em um estado longe, a saudade de casa pesou bastante e torcia pra tudo ficar bem aqui [em Macapá]. Se a cabeça não estiver bem, se o psicológico estiver abalado, você não consegue seguir. Graças a Deus, tive apoio da minha mãe e do meu pai", conta agradecida.

Além do apoio em casa, Samantha relata ainda, que contou com ajuda de outras pessoas em Pernambuco enquanto esteve no curso. Ela lembra que ficou morando no quartel, mas no fim tudo deu certo.

O curso

A capacitação aconteceu entre os dias 25 de setembro a 9 de novembro. Participaram bombeiros do Amapá, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A cerimônia de conclusão do curso aconteceu no dia 13 de novembro, no Grupamento de Bombeiros de Salvamento, em Pernambuco, onde os concluintes receberam os certificados.

O treinamento é considerado um dos mais difíceis do Corpo de Bombeiros do Brasil, pois exige dos militares grande resistência e técnicas condizentes com a modalidade. As aulas acontecem em águas profundas, para o resgate das vítimas, geralmente fatais, em virtude da profundidade em que são localizadas e retiradas dos locais de ocorrência.

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