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‘Estamos reflorestando mentes’, celebra educadora indígena sobre o histórico Turé no Monumento Marco Zero do Equador

Franciane dos Santos, do povo Karipuna, participou do evento pelo Dia dos Povos Indígenas, promovido pelo Governo do Estado.

Por Mikhael Santos
20/04/2024 12h26

O evento festivo contou com a presença de cerca de 90 caciques e cacicas e alunos da Escola Estadual Indígena Jorge Iaparrá

A indígena do povo Karipuna, Franciane dos Santos Forte é monitora da Escola Estadual Jorge Iaparrá, localizada na aldeia do Manga, no município de Oiapoque. A educadora e seus alunos, que estão vivenciando um intercâmbio cultural de 5 dias, em Macapá, estiveram presentes nesta sexta-feira, 19, no Monumento Marco Zero do Equador participando do histórico Turé, em celebração ao Dia dos Povos Indígenas, evento promovido pelo Governo do Amapá.

Franciane Forte cursa licenciatura intercultural indígena e está à frente dos movimentos sociais do seu povo desde os 12 anos de idade. Ela relata a importância de trazer os jovens da aldeia para interagir com os amapaenses, não-indígenas. 

“Nós que somos indígenas, onde passamos, sentimos esse olhar preconceituoso, mas o trabalho que nós fizemos durante os cinco dias, como eu sempre falo para eles, é que estamos aqui reflorestando, mas não reflorestando a mata e sim, com muito trabalho, reflorestando as mentes das pessoas para que possam olhar para nós de forma diferente, não com o olhar dado pelo colonizador", destaca. 

A Cacica da aldeia Espírito Santo, da etnia Karipuna, Janina dos Santos, que também preside a Associação das Mulheres Indígenas do Amapá, esteve presente com lideranças dos povos originários no Meio do Mundo. Ela é uma das únicas Cacicas da região do Oiapoque, que contam com 67 aldeias, sendo 10 comandadas por mulheres. 

Oriunda de uma linhagem de caciques na família, está ativamente na luta pelos direitos das mulheres nas comunidades indígenas. Janina explica a representatividade desse momento histórico que ocorreu no Marco Zero do Equador. 

“É um momento muito importante porque, enquanto povos indígenas, a gente tem buscado espaços para mostrar a nossa cultura de fato e da forma como ela é. Então, estar hoje aqui, é um momento histórico para nós, para que os outros também conheçam e possam valorizar a nossa história. Essa é a primeira vez que está acontecendo no Turé, não somente no meio do mundo, mas no Estado”, enfatizou.

O Cacique José Elito, da etnia Karipuna, que chefia a aldeia do Manga, a maior do estado, destacou a parceria da atual gestão do Governo do Amapá com a cultura indígena e explicou o que significa o Turé.

“O Turé vem como um fortalecimento cultural nosso, é uma raiz, é uma identidade, é para reafirmação da nossa identidade. Dizer que nós, enquanto povos indígenas, nós estamos aqui, nós existimos, é uma dança que ela traz os nossos espíritos sobrenaturais da floresta. A gente está vendo o reconhecimento que está acontecendo aqui no Estado, um apoio muito importante para a gente, porque isso só fortalece mais a nossa cultura”, explicou.

Povo Karipuna

Os Karipuna são uma população bastante heterogênea do ponto de vista étnico. Famílias provenientes das missões portuguesas, falantes da língua geral do Amazonas, denominadas Tapouyes pelos franceses, que provavelmente também estiveram aldeadas em missões no litoral da Guiana, que percorreram ao longo do século XIX a costa do Amapá até atingir o Baixo Oiapoque. Também são nomeadas Garipons e Caripounes pelos viajantes do século XIX que as encontraram nos rios Uanarri, Curipi e Uaçá.

Identificados como Karipuna pela Comissão Rondon, que visitou a região em 1927, foi assim que os descendentes daquelas famílias passaram a assumir-se, diferenciando-se dos demais povos que habitam a região do Uaçá, com quem compartilham relações em comum, porém de quem se diferenciam enquanto grupo étnico.

A maior parte da população Karipuna encontra-se nas margens do rio Curipi, principalmente no seu baixo e médio curso. Além das quatro aldeias maiores e principais, do Manga, Espírito Santo, Santa Izabel e Açaizal. Também existem 13 pequenas localidades residenciais dispersas ao longo do rio Curipi, mas estreitamente relacionadas às quatro aldeias maiores. 

Abril da Resistência Indígena

Campanha organizada pelo Governo do Amapá, o “Abril da Resistência Indígena” amplia o combate às desigualdades, discriminações, preconceitos e todas as formas de violência contra os povos originários.

No encontro desta sexta-feira, houve ainda a apresentação da Cartilha Multilíngue da Lei Maria da Penha. O material, inédito no Brasil e traduzido em 4 línguas indígenas, viabiliza o acesso a informações, legislações e orientações no contexto de violência doméstica contra mulheres indígenas. 

O Governo do Estado também fez mais um repasse de sementes de manivas, com 100 mil unidades, viabilizadas com articulação do senador Randolfe Rodrigues e apoio da Embrapa aos povos tradicionais presentes. Com esta entrega, já foram 720 mil hastes entregues às populações.

 

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