Com apoio do Governo do Estado, manifestação de enfrentamento ao feminicídio aconteceu na orla da cidade
Milhares de pessoas participaram da “Marcha contra o Feminicídio – Justiça por Daniella”, que percorreu as ruas da cidade, encerrando com uma missa na Catedral de São José de Macapá.
A marcha percorreu as principais ruas de Macapá, com uma parada em frente a Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher
Muita emoção marcou a manifestação de enfrentamento ao crime contra mulheres realizada neste domingo, 2, na orla de Macapá. A “Marcha contra o Feminicídio – Justiça por Daniella” foi organizada pelos familiares de Daniella Di Lorena Pelaes, de 46 anos, vítima de assassinato, ocorrido no dia 25 de maio, em Brasília. A ação contou com o apoio do Governo do Estado, instituições e órgãos que trabalham na defesa dos direitos das mulheres e da sociedade civil.
Com objetivo de chamar atenção das autoridades para punições mais severas para casos de crime por assassinato de mulheres pela condição de pertencer ao sexo feminino, milhares de pessoas caminharam ao som de músicas e discursos. A marcha percorreu as principais ruas do centro de Macapá, com uma parada na frente da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DCCM) e encerrou com missa na Catedral de São José.
O vice-governador do Amapá, Teles Júnior, emocionado, falou que a luta contra o feminicídio não tem identidade partidária, é uma luta de um povo, da sociedade.
“Esse é mais um caso de uma família que está sofrendo. O caso Daniella é muito doloroso. Estou aqui como cidadão e entendo que essa luta passa pela capacidade dos homens compreenderem melhor a realidade a favor das mulheres. Infelizmente, crescemos no ambiente patriarcal misógino, o que impõe às mulheres diversas opressões, que vão desde a desigualdade de renda até mesmo à morte”, destacou Teles Júnior.
“Faço um desafio para mobilizarmos os homens para essa causa. Quero abraçar e me solidarizar com a prefeita Socorro, com a prefeita Beth e com a deputada Fátima Pelaes, que Deus abençoe a cada uma de vocês e a toda a família”, finalizou o gestor.Uma das participantes, foi a assistente social, Ana Tereza, de 55 anos, irmã da Kátia Silva, outra vítima de feminicídio, que aconteceu na cidade há quase quatro anos.
“A dor dessa família é a nossa dor. Estamos aqui para apoiar, para clamar por justiça. Não só por Daniella, hoje foi ela, amanhã pode ser qualquer outra mulher. Temos que abraçar essa luta. Acredito que a justiça da Amapá é séria. Kátia Silva, minha irmã que se foi, não pode ficar esquecida, Daniella também não pode, nenhuma mulher assassinada pode ficar somente na estatística, nós só queremos que a justiça seja feita”, alertou Ana Tereza.
Dani, como gostava de ser chamada, é irmã da prefeita de Pedra Branca do Amapari, Beth Pelaes, que falou bastante emocionada, durante a marcha, que marcou o sétimo dia de falecimento da irmã.
“Estamos aqui pedindo que crimes como esses sejam punidos com rigor, aqui estão outras famílias que ainda sofrem com mortes que aconteceram de forma semelhante. Queremos alertar outras mulheres sobre esse ato tão covarde. Denunciem seus agressores, não se calem”, disse a prefeita.
Uma das instituições envolvidas no ato, foi o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Amapá (CEDIMAP), que deu apoio imediato ao pedido da família, como destacou a presidente, Alzira Nogueira.“Esse ato tem o objetivo de chamar a atenção para esse problema, dar visibilidade para a gravidade da violência contra as mulheres, estimular que as mulheres que estejam nessa condição de violência doméstica possam fazer denúncia, possam buscar ajuda para a ruptura desse ciclo de violência. O problema do feminicídio é um problema da sociedade e o enfrentamento precisa ser assumido por todos os setores”, pontuou a presidente.
O relatório divulgado pelo Ministério Público do Amapá em 2023, apontou que 39% dos casos de feminicídio no Amapá foram motivados por ciúmes ou pelo parceiro não aceitar o fim do relacionamento.Para a secretária de Políticas para Mulheres, Adriana Ramos, a marcha por Daniella leva a uma importante reflexão da sociedade.
“Hoje nos unimos em um ato de repúdio. Pedindo o fim desse tipo de crime e a pergunta que faço é até quando isso vai continuar acontecendo? Não podemos admitir que mais essa morte fique impune, estamos aqui por todas as mulheres e parentes das vítimas de feminicídio e junto com o Governo do Estado, movimento social e sociedade civil vamos continuar lutando por justiça e vamos dar assistência a essas famílias”, disse a gestora.
O crime
Daniella Pelaes, foi assassinada com mais de 50 facadas, na madrugada de sábado, 25 de maio, em Brasília (DF), no condomínio onde morava, no bairro Jardim Botânico. O acusado é o ex-marido, Janílson Quadros de Almeira, de 37 anos. O casal viveu junto por cinco anos e do relacionamento tiveram um filho. Segundo informações, o acusado não aceitava o fim do relacionamento. Depois de cometer o crime, Jailson teria tentado o suicídio, foi hospitalizado e recebeu voz de prisão. Quando ele for liberado do hospital será encaminhado ao sistema prisional. A polícia acredita que o crime foi premeditado.
Daniella Di Lorena Pelaes, era graduada em administração e concursada como técnica em enfermagem. Empoderada, dedicada, companheira, amiga deixou um importante legado de lutas e conquistas em Pedra Branca do Amapari, distante 180 km da capital.
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