‘Preservar a água é preservar a vida’, diz estudante mexicano em projeto que propõe combater secas na 13ª Feceap
Ricardo Álvarez Campos viajou mais de 6 mil quilômetros, de Ciudad Juárez ao Amapá, para apresentar solução sustentável que combate secas na 13ª Feira de Ciências e Engenharia.

A paixão pela ciência e o desejo de transformar a realidade da cidade natal trouxeram o estudante mexicano Ricardo Álvarez Campos, de Ciudad Juárez, estado de Chihuahua, até o Amapá. Participando pela primeira vez da Feira de Ciências e Engenharia do Estado do Amapá (Feceap), o objetivo do aluno é compartilhar ciência de ponta, fortalecer a rede de contatos e promover o desenvolvimento profissional, explorando a "Ciência de uma única conservação".
O jovem estudante do Instituto Tecnológico de Ciudad Juárez apresentou o projeto “EDEPSA: Elaboração de um polímero absorvente biodegradável a partir de compostos orgânicos”, uma proposta inovadora que busca combater os efeitos das secas, preservar recursos hídricos e revitalizar a agricultura de forma sustentável.
“O Dia Zero quando não haverá água suficiente para o abastecimento se aproxima. E a água não é importante apenas para nós, humanos, mas também para o crescimento das plantas e da vegetação. Preservá-la é preservar a vida e o futuro do planeta”, afirmou Ricardo.

A ideia nasceu de um problema vivido de perto: a falta de água em Ciudad Juárez interrompeu uma tradição agrícola centenária, marcada pelo cultivo de algodão. As secas constantes e a modificação do solo dificultaram a produção e ameaçaram a economia local. Com essa problemática, Ricardo decidiu criar uma solução que não apenas retém a água no solo, mas também evita o uso de condicionadores agrícolas tóxicos, que degradam a terra ao longo do tempo.
O jovem conseguiu credencial para participar da feira através da Copa Science de México Temporada 2024, considerada uma das maiores feiras de ciências das Américas.
Ciência a serviço da vida
O projeto tem como objetivo principal desenvolver um polímero absorvente biodegradável capaz de reter água no solo, reduzir a salinização e preservar a fertilidade, tudo isso utilizando compostos orgânicos.
A pesquisa começou com o estudo de polímeros já existentes usados, por exemplo, em fraldas descartáveis que, apesar da alta capacidade de absorção, são tóxicos para o meio ambiente. A solução foi incorporar almidão, celulose e a mucilagem do nopal (um tipo de cacto abundante no México e também presente no Nordeste brasileiro), transformando o produto em um material biodegradável e ecologicamente correto.
O processo de desenvolvimento foi dividido em etapas:
- Elaboração do polímero a partir de ácido acrílico e hidróxido de potássio;
- Extração da mucilagem do nopal;
- Modificação química da mucilagem para torná-lo compatível com o polímero;
- Integração dos compostos orgânicos e realização de testes experimentais.

Nos experimentos, o polímero foi aplicado em um metro quadrado de solo cultivado com rabanetes, comparado a uma área sem o produto. Em 40 dias, o resultado foi evidente: as plantas no solo com o polímero cresceram mais rápido e saudáveis, exigindo menos irrigações diárias e retendo a umidade por mais tempo.
“Enquanto um solo precisava ser regado todos os dias, o outro mantinha a umidade com apenas duas irrigações por semana”, explicou o estudante.
Da sala de aula ao mundo
A presença de Ricardo na 13ª Feceap reforça o caráter internacional do evento, que nesta edição reúne 172 projetos científicos de escolas públicas, privadas e universidades, além de delegações do México, Rio Grande do Norte, Paraná, Sergipe e Bahia. Promovida pelo Governo do Amapá e coordenada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) e Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Setec), a feira transforma o Amapá Garden Shopping em um grande laboratório de ideias, com exposições, atividades culturais e credenciais para eventos nacionais e internacionais.
Para Ricardo, a viagem de quase dois dias até o Amapá valeu cada segundo.
“É outra cultura e outro idioma, e no começo foi difícil, mas nos sentimos em casa. O otimismo e a vontade de apresentar nosso projeto nos trouxeram até aqui, e estou muito feliz por compartilhar essa ideia no Brasil”, contou o estudante mexicano.

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