'É um gesto que fica. Uma memória de esperança', diz mãe de prematuro que recebeu homenagem pela força e resiliência
Marianne Souza Brito foi uma das cinco mães de prematuros que receberam fotos e roupinhas do ensaio fotográfico promovido pelo Governo do Amapá durante o Novembro Roxo, reforçando apoio às famílias.
Marianne Brito lembra com nitidez do dia em que chegou ao Hospital da Mulher Maternidade Mãe Luzia (HMML), em agosto, com apenas 3 centímetros de dilatação e uma angústia que não cabia no peito. A bolsa havia rompido antes da hora e, mesmo com todas as tentativas da equipe para adiar o parto, o pequeno Alan Calleri veio ao mundo com pouco mais de seis meses, pesando 1,144 kg — um prematuro extremo. “No começo, eu só pensava se ele ia sobreviver”, relembra. O choro fraco, a intubação imediata, as idas e vindas da UTI: tudo marcou a trajetória de força que hoje a família celebra como vitória.
Dois meses depois, entre sustos, avanços e noites em claro, Marianne pode, finalmente, repetir para si mesma, e acreditar: “O pior já passou”. Ela conta que aprendeu a transformar medo em coragem, especialmente quando passou a vivenciar o Método Canguru — uma estratégia de cuidado em que o bebê prematuro permanece pele a pele com mãe ou pai, fortalecendo o vínculo, estabilizando funções vitais e favorecendo o desenvolvimento.
“No começo eu tinha receio devido aos tubos, mas depois entendi que também era parte da cura dele”, diz.
A história de mãe e filho ganhou um novo capítulo de emoção na segunda-feira, 17, quando Marianne foi uma das homenageadas no ensaio fotográfico anual realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), no HMML, pelo Novembro Roxo, mês de conscientização e fortalecimento da rede de apoio às mães e pais de bebês prematuros.
Neste ano, o fotógrafo Alexandre Alves doou tempo, talento e sensibilidade para transformar o momento em uma lembrança eterna para as famílias. “É um gesto que fica. Uma memória de esperança”, celebrou Marianne ao receber o porta-retrato.
Lembrança que simboliza esperança
O ensaio é organizado pela equipe do HMML, com o apoio da Coordenadoria da Saúde da Criança e do Método Canguru, da Sesa. Todos os anos, os bebês internados se tornam protagonistas de temáticas lúdicas — já foram super-heróis, personagens animados e animais do jardim. Em 2025, o tema escolhido foi o circo: domadores, palhacinhos, malabaristas em miniatura, entre outras figuras encantadoras.
“É um momento de respiro no meio da fragilidade. As fotos despertam esperança. São lembranças simples, mas carregadas de significado, que mostram que esses bebês são força e vida”, explica a coordenadora estadual do Método Canguru, Andrea Torres.
Corredor dos Prematuros
Mais cedo, a programação do Dia Nacional da Prematuridade seguiu com o tradicional Corredor dos Prematuros, onde profissionais da enfermagem prestaram orientações sobre os riscos da prematuridade — que incluem dificuldades respiratórias, hemorragias, infecções e atrasos no desenvolvimento — reforçando a importância da identificação precoce e da rede de cuidado que o Estado mantém para apoiar famílias desde o nascimento até o acompanhamento pós-alta.
A sensibilização pelo Novembro Roxo ocorreu também em todas as unidades estaduais que realizam parto. No Hospital Estadual de Santana, a ação incluiu entrega de lembranças, orientações e materiais informativos para conscientizar gestantes, pais e visitantes sobre prevenção, sinais de alerta e os direitos dos prematuros.
Papel do pai é fundamental
O cuidado com os pequenos não se sustenta apenas na força das mães. O pai do pequeno Elizeu Daniel, o mototaxista Elizeu Borges, também viveu intensamente o processo. Ele dormia ao lado do filho na UTI, trabalhava durante o dia e retornava para estar com o bebê e com a esposa.
“Foi cansativo, mas valeu cada segundo”, conta.
O Método Canguru o aproximou ainda mais do filho.
“Colocar ele no peito, sentir ele respirar ali… aquilo dá força para gente também”.
Hoje, Elizeu comemora o primeiro dia do filho em casa, que recebeu alta no último domingo, 16.
“Graças a Deus, agora ele descansa tranquilo”, diz o pai, com o coração aliviado.
Cuidado Humanizado
A diretora do HMML, Luiza Cruz, destaca que o hospital tem avançado na humanização do cuidado neonatal e que ações como esta fortalecem vínculos e acolhimento.
“Cada bebê que passa por aqui carrega uma história de luta. Hoje, entregar essas lembranças às famílias é reconhecer a coragem delas, a dedicação das equipes e a certeza de que, juntos, construímos caminhos de vida”, frisou a diretora.
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